Trump diz que conversas com Xi sobre chips da Nvidia não incluíram o Blackwell

 

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que não discutiu a aprovação de vendas dos chips Blackwell da Nvidia para a China com o líder chines Xi Jinping, reduzindo as especulações de que Washington permitiria a exportação dos poderosos aceleradores de IA para o maior mercado de semicondutores do mundo.

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Trump disse que ele e Xi conversaram de forma geral sobre o acesso da Nvidia à China e que a fabricante de chips continuaria as discussões com Pequim, que tem desencorajado empresas domésticas de usar processadores menos avançados da Nvidia já aprovados por Washington para venda.

— Falamos sobre chips — disse Trump a repórteres a bordo do Air Force One. — Eles vão conversar com a Nvidia e outros sobre adquirir chips.

Questionado especificamente se os EUA autorizariam exportações de versões reduzidas dos aceleradores Blackwell — uma possibilidade que Trump havia sugerido meses atrás —, o presidente respondeu:

— Não estamos falando sobre o Blackwell.

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As declarações de Trump vieram um dia após ele afirmar que discutiria a linha Blackwell da Nvidia com Xi, como parte de negociações mais amplas voltadas a um amplo acordo comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Essas declarações anteriores despertaram otimismo entre investidores — e preocupação entre críticos da China — de que Washington poderia autorizar a venda de chips de IA mais avançados do que qualquer um já acessível ao país asiático. Isso ajudou a impulsionar uma valorização que tornou a Nvidia a primeira empresa a atingir um valor de mercado de US$ 5 trilhões.

A China é o maior mercado mundial de semicondutores, e os produtos da Nvidia são o padrão da indústria para o treinamento e operação de grandes modelos de linguagem, como o ChatGPT da OpenAI. A família de chips Blackwell é a mais avançada da Nvidia, com capacidades muito superiores às dos processadores cuja venda à China foi efetivamente proibida pelos EUA em 2022.

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Autoridades dos governos de Trump e de seu antecessor ampliaram repetidamente esses controles, impostos por temores de que a inteligência artificial avançada pudesse conceder a Pequim uma vantagem militar.

O CEO da Nvidia, Jensen Huang, tem feito forte lobby contra as restrições impostas pelos EUA, afirmando que elas apenas impulsionariam o crescimento de concorrentes chineses, como a Huawei.

A liberação das exportações dos chips Blackwell para a China representaria uma grande vitória para o executivo, uma concessão significativa a Pequim e uma mudança drástica na abordagem declarada do próprio governo Trump em relação à competição tecnológica com o país asiático.

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Huang já conquistou algumas vitórias sob a administração Trump, com autorizações de exportações para a China e outros mercados. Durante o verão, as autoridades norte-americanas emitiram licenças para o envio dos processadores H20 da Nvidia — hardware propositalmente rebaixado que a própria equipe de Trump havia restringido meses antes.

Mas Pequim, que tem repetidamente pedido, em negociações comerciais, que os EUA abandonem seus controles de exportação, tem desestimulado fortemente empresas e órgãos governamentais a usarem esses aceleradores. As autoridades chinesas, que há muito incentivam empresas nacionais a adotarem hardware de inteligência artificial desenvolvido internamente, citaram preocupações de segurança em relação aos aceleradores da Nvidia — preocupações que a fabricante tem tentado aliviar.

“O presidente nos concedeu licença para exportar para a China, mas a China nos impediu de fazer isso”, disse Huang a repórteres nesta semana, durante um evento da empresa em Washington. “Eles deixaram muito claro que, neste momento, não querem a Nvidia lá.”

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Os comentários de Trump na quinta-feira sinalizam uma tentativa de destravar esse impasse, que afeta não apenas os chips H20, mas também outro semicondutor da Nvidia que pode ser usado em aplicações de IA.

“Disse que isso é realmente entre vocês e a Nvidia”, afirmou Trump, referindo-se à sua conversa com Xi à margem da cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), na Coreia do Sul. “Mas somos, de certa forma, o árbitro.”

Ainda não está claro, porém, quais serão as “regras do jogo”. Semanas após autoridades de Trump anunciarem a emissão das licenças para os H20, o presidente afirmou que os EUA também receberiam 15% da receita resultante para a Nvidia — um acordo sem precedentes, para o qual ainda não existe estrutura legal definida.

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Também não se sabe quantos chips H20 o governo dos EUA aprovou, ou planeja aprovar, para venda — uma questão crucial para o potencial econômico da Nvidia, que registrou perdas de bilhões de dólares em receita após as restrições iniciais e deixou de incluir as vendas à China em suas projeções financeiras.

As discussões de Trump com Xi, disse ele, envolveram “muitos chips. E isso é bom para nós.”

A Nvidia argumenta que exportar para a China fortaleceria o ecossistema tecnológico americano, enfraquecendo a Huawei ao limitar seu acesso a receitas e conhecimento que poderiam ajudá-la a competir globalmente. Embora essa visão tenha ganhado apoio de alguns funcionários dos EUA, como o “czar” de IA da Casa Branca, David Sacks, muitos outros temem que ampliar a capacidade computacional do país asiático represente uma séria ameaça à segurança nacional.

O futuro dos chips Blackwell, por sua vez, ainda é incerto. Em agosto, Trump disse que estaria disposto a permitir que a Nvidia vendesse uma versão do Blackwell “enfraquecida”, descrevendo-a na época como “com 30% a 50% de capacidade reduzida.” A Nvidia ainda não divulgou especificações técnicas de um chip desse tipo, e Huang afirmou nesta semana que a empresa não solicitou licenças de exportação para os processadores Blackwell.