Big techs surpreendem com receita forte, mas um fator ainda inquieta o mercado. Veja qual
Três grandes empresas de tecnologia — Alphabet (dona do Google), Microsoft e Meta (dona de Instagram e WhatsApp) — divulgaram seus resultados financeiros nesta quarta-feira, após o fechamento da negociações na Bolsa de Nova York. Todas relataram receitas no terceiro trimestre acima das previsões dos analistas de Wall Street. Mas outro ponto em comum entre as companhias chamou mais a atenção do mercado do que os ganhos.
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Todas as empresas, embora tenham negócios sólidos e registrem ganhos de receitas surpreendentes aos analistas, informaram que estão ampliando, até o próximo ano, seus gastos com projetos ligados à inteligência artificial (IA), especialmente em infraestrutura, como data centers. Parte das iniciativas, porém, ainda não deixa tão claro quando e que tipo de retorno poderão gerar aos acionistas.
O racional por trás é de que as empresas precisam gastar bilhões em componentes, como chips, semicondutores capazes de rodar aplicações de IA, e construção de data centers que suportem computadores de alta performance, para criar novos produtos (ou aprimorar os já existentes) com inteligência artificial.
Essa preocupação é generalizada, mas o peso dela varia entre as empresas, explica Maria Irene Jordão, estrategista global da XP. Enquanto Microsoft e Alphabet têm negócios diversificados (como serviços em nuvem, publicidade e softwares), que ajudam a diluir o risco e dar mais previsibilidade ao retorno desses investimentos, o cenário é diferente para a empresa de Mark Zuckerberg.
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A Meta depende quase exclusivamente da receita com anúncios nas redes sociais, o que faz com que o mercado receba com certo receio os seus comunicados sobre despesas bilionárias com projetos de IA, afirma Maria.
— É um pouco opaco de vermos de onde virá o retorno — avalia ela. — A receita vem quase toda de anúncios em redes sociais. No trimestre anterior, os executivos vinham falando sobre como a inclusão de IA na plataforma de anúncios traria uma conversão significativa das vendas. Neste trimestre, não tivemos visibilidade disso, apesar do aumento do preços dos anúncios.
Segundo Maria, esse tipo de ganho é mais fácil de observar nos negócios do Google, o que reforça a visão do mercado de que os investimentos da Meta em IA ainda carecem de resultados concretos. As ações da Meta caÃram 6,5% após o fechamento do pregão.
Outro fator que pesou na recepção dos resultados da Meta foi um encargo fiscal pontual neste trimestre. A empresa registrou um impacto contábil de US$ 15,9 bilhões relacionado a uma mudança na legislação tributária dos Estados Unidos. Embora não tenha efeito em caixa, o ajuste reduziu o lucro lÃquido e influenciou a percepção do mercado sobre o desempenho da companhia.
Jesse Cohen, analista sênior da Investing, fez avaliação similar. Para ele, os resultados da Meta mostram a tensão entre os altos gastos com infraestrutura de IA e a cobrança dos investidores por lucros rápidos.
— O aumento dos gastos com recursos de inteligência artificial pesa sobre o sentimento do mercado, apesar do sólido desempenho subjacente dos negócios — disse.
