Alerj vota venda de imóvel que estado do RJ nem terminou de pagar
Leandro Resende traz detalhes dos bastidores da política do RJ. Além da venda de imóveis pelo governo do estado, o comentarista destaca desdobramentos da megaoperação e mais uma pauta dividida de Paes na Câmara do Rio. Incluída na lista de imóveis estatais que poderão ser vendidos pelo governo do Rio de Janeiro para fazer caixa, o terreno em que está a Aldeia Maracanã ingressa, de novo, em um impasse - rotina típica dos últimos 15 anos. A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) vota, nesta quarta-feira (12), um projeto de lei para autorizar o estado a vender 62 imóveis, entre eles o terreno de 14 mil metros quadrados ao lado do mais icônico estádio de futebol do planeta. E que o estado comprou parcelado em 2012 e deixou de pagar.
O Ministério Público Federal encaminhou um ofício ao presidente da Alerj, deputado Rodrigo Bacellar (União) recomendando que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), empresa pública federal, seja ouvida antes da votação. Em 2012, quando pretendia transformar o espaço em que os indígenas vivem em um estacionamento e um shopping para o novo Maracanã, o governo formalizou a intenção de comprar o espaço por R$ 60 milhões: 10% de entrada (R$ 6 milhões) e o restante em 120 parcelas. No entanto, o governo só pagou a Conab até a 26ª parcela e, em 2018, a empresa pública processou o governo do Rio pela dívida que, àquela altura, era de R$ 20 milhões.
O processo se arrasta na Justiça Federal. O Ministério Público Federal concorda com os indígenas e quer que a área volte a ser da União, uma vez que o estado do Rio não demonstrou mais interesse em fazer nada com o espaço desde as obras do Maracanã para a Copa do Mundo, no governo Sérgio Cabral. Em sua última manifestação no processo, em março, a Procuradoria Geral do Estado pediu a suspensão da disputa por 180 dias. Ainda não há data para julgamento do caso.
Duas semanas depois da Operação Contenção, Alerj se volta contra comandante da PM
A megaoperação que deixou 121 mortos há duas semanas nos Complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio, fez serenar ânimos de críticos ao governo Cláudio Castro, mas a lua de mel já acabou. A mira voltou para o coronel Marcelo de Menezes, secretário estadual de Polícia Militar.
O deputado Marcelo Dino (União) aproveitou um debate, nessa terça-feira (1), na Alerj para fazer críticas a Menezes e ao comandante do 15º Batalhão, de Duque de Caxias, por uma suposta conivência com a instalação de barricadas em ruas de áreas da cidade, como o Pantanal. Em um vídeo postado em suas redes sociais, ele mostra um equipamento de ginástica da prefeitura sendo usado como barricada por criminosos - ao lado de uma viatura da PM. “A tropa é espelho do comandante”, disparou
Outro que foi para cima de Menezes foi o líder do governo na Alerj, Rodrigo Amorim (União). Em uma nova cruzada contra Menezes, fez críticas ao comandante do Batalhão da Tijuca e voltou a denunciar que parte da PM estaria trabalhando pela candidatura do atual comandante da tropa.
Os dois são exemplos de uma realidade que o Palácio Guanabara conhece. Fora a operação de duas semanas atrás, os resultados obtidos por Castro na segurança são criticados por políticos aliados com frequência.
Paes, de novo, entre a direita e a esquerda na Câmara do Rio
O prefeito do Rio Eduardo Paes (PSD) tem mais uma pauta que divide a Câmara de Vereadores entre direita e esquerda para arbitrar e decidir. Os vereadores aprovaram, nessa terça-feira (11), a criação de um programa para identificar publicamente os lugares onde houve sequestros, torturas, desaparecimentos forçados e ocultação de corpos de desaparecidos políticos durante a ditadura militar. A proposta é de Maíra do MST (PT), Leonel de Esquerda (PT) e Mônica Benício (Psol). São 19 locais - alguns que estão em estado de abandono e imbróglio judicial, como o antigo prédio do Dops, na Rua da Relação na Lapa, um dos principais centros de tortura do regime; outros estão em impasse eterno como o prédio da UNE, na Praia do Flamengo, com obras paralisadas há mais de 8 anos.
A questão que se impõe: Paes vai vetar a medida para agradar a direita, que foi contra a ideia, ou vai sancioná-la? Neste ano ele já revou uma lei aprovada na Câmara que proíbia a instalação de monumentos, estátuas e placas pelo Rio com nove de escravocratas.
Em maio, o prefeito sancionou uma lei que previa a fixação de cartazes antiaborto em hospitais, instituições de saúde, clínicas de planejamento familiar e outros estabelecimentos relacionados à saúde do Rio, proposta pelos vereadores Dr. Rogério Amorim (PL), Rosa Fernandes (PSD) e Márcio Santos (PV). A Justiça suspendeu os efeitos da norma em junho.
