Seis senadores por dia: Messias tem apenas duas semanas para buscar 81 parlamentares após 'armadilha' de Alcolumbre
Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva viram como armadilha do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o agendamento da sabatina do advogado-geral da União, Jorge Messias, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para 10 de dezembro. O indicado do presidente Lula para o Supremo Tribunal Federal (STF) tem, na prática, apenas duas semanas para conversar com 81 senadores e buscar apoio, além de se preparar para a sabatina, etapa que antecede a votação no plenário. Messias precisa de 41 votos para ser aprovado.
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O calendário foi descrito como “dramático” por pessoas próximas a Lula e Messias. O advogado-geral da União tem a intenção de procurar os 81 senadores, mas o prazo curto para as conversas é visto com preocupação. Messias já circulou no Senado na terça-feira pedindo votos. Ele tem contado com a articulação de aliados, como o líder do governo na Casa, Jaques Wagner.
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Otto Alencar (PSD-BA), afirmou na quarta-feira que a sabatina de Messias pode ser adiada. O motivo é a demora para a chegada no Congresso da mensagem vinda do Planalto com a indicação de Messias.
—Enquanto (a mensagem) não chegar ao Senado, corre o risco de a sabatina ser adiada. Mas, por enquanto, valem as datas marcadas — disse Otto.
Questionado sobre a demora, Messias disse que não se preocupa com o tema.
— Isso tem que ver com o Planalto— afirmou.
Messias disse ainda não ter sido atendido por Alcolumbre. Mas reforçou que acredita na conversa entre eles e que acontecerá “no momento certo”.
— Gosto muito do presidente Alcolumbre, estou tentando falar com ele, no momento certo ele vai me atender.
O presidente do Senado defendia a indicação do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para o STF e ficou contrariado com a escolha de Lula por Messias.
Messias esteve na terça com os senadores Eduardo Braga (MDB-AM) e Sergio Petecão (PSD-AC). Também se reuniu com Confúcio Moura (MDB-RO), Lucas Barreto (PSD-PA) e Otto Alencar. Encontrou ainda nesta semana com uma de suas principais aliadas na Casa, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
A avaliação entre aliados, no entanto, é que apenas a articulação política do governo em “modo convencional” não tornará o cenário favorável a Messias e será necessário que Lula entre em campo para sensibilizar senadores e tratar do assunto com Alcolumbre.
— O presidente está fora (Lula estava em viagem à África), talvez entre para conversar com senadores. É um trabalho a ser feito. Nunca foi muito fácil a eleição, muita gente foi aprovada com 46, 47, 45 votos, nunca há uma folga — afirmou Jaques Wagner à GloboNews, na segunda-feira.
Relação abalada
Em meio à tensão com o governo, Alcolumbre marcou a data da sabatina antes mesmo de o Palácio do Planalto enviar a mensagem oficial ao Congresso com a indicação ao STF. Messias foi sugerido para a vaga na Corte no dia 20, e o envio da mensagem é a primeira etapa da formalização da indicação do presidente à Corte.
A Secretaria de Assuntos Jurídicos (SAJ) da Casa Civil prepara a documentação seguindo o Regimento Interno do Senado, que estabelece regras e parâmetros para o envio de indicação de autoridades à Casa.
