Sarrubbo diz que PL Antifacção foi 'rasgado' após mudanças feitas por Derrite
O secretário nacional de Segurança Pública fez novas críticas ao projeto durante um evento sobre corrupção e crime organizado em São Paulo. O secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, afirmou que o PL Antifacção foi “rasgado” depois das alterações do relator Guilherme Derrite. Sarrubbo fez novas críticas ao projeto durante um evento sobre corrupção e crime organizado em São Paulo, onde ele afirmou que é preciso construir uma política de enfrentamento ao crime “sem populismo” no Brasil.
Segundo ele, o endurecimento das penas, como é proposto no PL, não é suficiente para diminuir a expansão das facções criminosas:
"Como é que nós vamos fazer esse enfrentamento? Com inteligência, mas sem populismo, porque não se trata apenas de subir pena, porque se o problema fosse subir pena, estava tudo resolvido, porque as penas estão subindo faz 30, 40 anos. E de lá para cá nós construímos o que? Um crime organizado que deixou de ser local e transformou-se em transnacional."
Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, também afirmou que o PL Antifacção mostra um tipo de política que “teima em vetar” alguns avanços da área de segurança pública.
"Se a gente for pensar, Marcola está preso há quanto tempo? Fernandinho Beira-Mar, Marcinho VP. Todas essas facções se expandem e se capilarizam com todas as suas lideranças presas. Essa é uma característica das nossas facções no Brasil. Elas são de base profissional, elas surgem na prisão. Então, também achar que prendendo a gente vai resolver o problema, já não deu certo isso. E aí, quando a gente vê um projeto que sai da Câmara dos Deputados, cortando 350 milhões de reais da Polícia Federal, que é sem dúvida alguma a força que a gente tem hoje que está mais blindada dessa corrupção. Eu acho que isso mostra o tamanho do problema que vai rebater lá no Congresso."
Durante o evento, o secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, afirmou ainda que o foco central no combate às organizações criminosas deve ser no fluxo financeiro e que a Operação Carbono Oculto se tornou uma referência nesse sentido.
Ele disse que o Estado brasileiro ignorou por muito tempo o fato de que as fintechs são fortes instrumentos para a lavagem de dinheiro e que a Carbono Oculto foi essencial para revelar um sistema de fraudes ligado à cadeia de combustíveis no país.
A Operação Carbono Oculto mirou a atuação do PCC, que utilizava uma complexa estrutura de empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs para lavar dinheiro, fraudar o mercado de combustíveis e ocultar patrimônio.
