Saiba quais são os políticos que já ficaram presos na Papuda, presídio que pode ser destino de Bolsonaro
O Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, voltou ao centro das atenções após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento da trama golpista. Embora ainda não haja decisão sobre para onde ele seria encaminhado, há a possibilidade de que o ex-presidente seja levado para a Papuda, presídio que já abrigou alguns dos políticos mais conhecidos do país.
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Inaugurada em 16 de janeiro de 1979, a penitenciária é o maior complexo prisional do Distrito Federal. Hoje, conta com cinco unidades que reúnem detentos em regimes fechado, semiaberto e provisório. Apesar de sua capacidade oficial de 8.073 presos, o número atual de internos chega a cerca de 14 mil, de acordo com dados da Secretaria de Administração Penitenciária do DF.
O nome “Papuda” tem origem curiosa: faz referência a uma mulher negra escravizada que viveu na região no século XIX e sofria de bócio, inchaço no pescoço popularmente chamado de “papo”.
Políticos que passaram pela Papuda
Entre os presos mais célebres do complexo estão figuras centrais do escândalo do Mensalão, como José Dirceu e José Genoíno. Dirceu foi condenado a sete anos e 11 meses por corrupção ativa e, a partir de 2013, passou 11 meses em regime fechado na Papuda antes de obter o direito ao regime domiciliar. Dirceu voltou ao presídio em 2015, após nova condenação por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa devido ao escândalo do Petrolão.
Seu correligionário José Genoíno, também condenado no processo do Mensalão, teve prisão decretada em 2013 e chegou a ser levado para a Papuda. Mas, por determinação do então do ministro do STF Joaquim Barbosa, ganhou o direito de cumprir prisão domiciliar temporária. Durante o período em que ficou na Papuda, o ex-deputado passou mal e foi levado para um hospital particular. O próprio ministro Barbosa determinou que ele voltasse para a Papuda em 2014. No fim daquele ano, o STF extinguiu a pena de José Genoíno, com base no indulto natalino decretado pela então presidente Dilma Rousseff.
Outro nome que marcou a história do presídio é o de Paulo Maluf, ex-prefeito de São Paulo e ex-deputado, condenado por lavagem de dinheiro e também enviado à Papuda após decisão judicial. Foi condenado ainda em 2018 por falsidade ideológica eleitoral, levado ao Complexo Penitenciário onde ficaria preso em uma ala especial destinada a idosos em 2017, mas desde abril de 2018 foi transferido para prisão domiciliar, e cumpriu a pena até maio de 2023, quando teve suas condenações extintas com base nos critérios do indulto natalino assinado pelo então presidente Jair Bolsonaro.
O ex-ministro do governo Michel Temer, Geddel Vieira Lima, envolvido em escândalos de corrupção e preso após a descoberta de um apartamento com malas de dinheiro em Salvador, também passou pelo complexo. Em 2018 ele chegou a ser levado para cela "solitária" na Papuda após atrito com um agente penitenciário. Em 2019 ele foi transferido para uma prisão em Salvador.
Já Natan Donadon foi o primeiro deputado em exercício a ser preso por determinação do Supremo Tribunal Federal desde a Constituição de 1988. Condenado em 2013 a 13 anos e quatro meses por peculato e formação de quadrilha, ele cumpriu parte da pena na Papuda. Em 2015, a Justiça do Distrito Federal autorizou o ex-deputado a progredir para o regime de prisão semiaberto.
