Prisão de Bacellar repercute no Senado; relator do PL Antifacção cita 'facções em todos os ramos do poder'

 

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A prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Rodrigo Bacellar (União Brasil), repercutiu no Senado Federal que debate sobre o avanço do crime organizado. O relator do projeto Antifacção, Alessandro Vieira, disse que a prisão de Bacellar evidencia como as facções já se infiltram em todos os ramos do poder, o que, segundo ele, reforça a necessidade de aprovação do texto que endurece o combate a organizações criminosas. A executiva nacional do União Brasil, partido de Bacellar, informou que não vai se manifestar sobre o caso.

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Durante a sessão da Comissão de Constituição e Justiça, o presidente Otto Alencar defendeu a aprovação do projeto Antifacção, em meio a gravidade do cenário da prisão de hoje:

"O presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, na proteção ao faccionado, um deputado estadual, TH Joias, que foi preso em flagrante, imagine o crime organizado dentro de uma Assembleia Legislativa de um dos estados mais importantes do Brasil. Porque não pode, sem dúvida nenhuma, uma organização criminosa tomar conta do Estado, tomar conta de uma Assembleia Legislativa do Estado como o Rio de Janeiro."

O relator, Alessandro Vieira, apresentou seu parecer nesta quarta-feira (03). O projeto prevê a criação de uma Cide sobre casas de apostas para financiar ações contra o crime organizado, com potencial de arrecadação de até 30 bilhões de reais por ano. O texto também tipifica o crime de facção criminosa, prevê penas que podem chegar a 120 anos em casos agravados e equipara facções às milícias para todos os fins legais, vedando anistia, indulto e fiança.

A prisão de Bacellar ocorreu durante operação da Polícia Federal que apura o vazamento de informações relacionadas à Operação Zargun, que prendeu o deputado estadual TH Joias, acusado de usar o mandato para beneficiar o tráfico.

Segundo a PF, o vazamento dificultou as investigações. Na ação desta quarta-feira (03), foram cumpridos mandados de prisão e busca autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, em um desdobramento da determinação da Corte para que a PF investigue grupos criminosos violentos e suas conexões com agentes públicos no Rio de Janeiro.