Presidente nacional do PT minimiza críticas de vice de Paes à política de segurança e mantém prefeito como aliado para 2026

 

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O presidente nacional do PT, Edinho Silva, minimizou as críticas feitas por aliados do prefeito Eduardo Paes (PSD) ao discurso do partido e do presidente Lula sobre segurança pública e chamou a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Nortedo Rio, que terminou com 122 mortos de “midiática” e que gerou “imagens chocantes sem derrotar o crime”. Nem mesmo a defesa feita pelo vice-prefeito Eduardo Cavalieri de que o PSD fique neutro na eleição presidencial em 2026 arranhou a relação da legenda com o prefeito.

Nossos aliados podem pensar de forma diferente, não há problemas, faz parte da democracia, mas o que queremos é derrotar o crime de verdade e não apenas alimentar as medidas midiáticas que não são eficazes.

Ao jornal O Globo, nesta quarta-feira (3), Cavalieri (PSD) afirmou que a ação policial de outubro passado foi bem-sucedida e atacou o presidente da República. Ele chamou de “lero-lero ultrapassado” a tese defendida por Lula e por setores do PT de que a falta de investimento social é a causa dos problemas de segurança.

A entrevista e as críticas vem em um momento em que o PT tenta encontrar um discurso sobre a pauta de segurança pública e ao término de um seminário nacional do partido sobre o tema, realizado no Rio nesta semana. A coluna esteve por lá na segunda (1). Pela manhã, o vice-presidente nacional da legenda Washington Quaquá, prefeito de Maricá, afirmou que “a polícia só matou otário, bandido”, na ação de outubro. O discurso foi duramente criticado por diversos outros petistas e mostrou como a legenda ainda tateia uma abordagem sobre o tema.

À coluna, o dirigente afirmou que o PT precisa de uma posição majoritária sobre a megaoperação. “Não podemos ter uma operação e depois nada mais é feito. Isso é populismo, não derrota o crime”, opinou.E que o governo Lula e os partidos de esquerda negligenciaram por anos o debate sobre o combate à criminalidade. O exemplo, segundo ele, é Operação Carbono Oculto, que mirou grupos criminosos que desviaram mais de R$ 46 bilhões. “Temos que usar a inteligência para rastrear os criminosos e impedir que eles se organizem nas comunidades”.

Para 2026, o plano é Eduardo Paes

Apesar do vice-prefeito Cavalieri pregar que o PSD fique neutro nas eleições presidenciais de 2026, o PT ainda conta com uma possível candidatura de Eduardo Paes ao governo do Rio para ter um palanque forte no estado. As afirmações de Cavalieri ao Globo sintetizam um pensamento do grupo de Paes: Lula, politicamente, precisa mais do prefeito do que o contrário. O prefeito do Rio é o único aliado de peso do presidente da República na região que concentra a maior parte dos eleitores do país (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro).

O presidente do PT sabe disso. “Paes é o nosso candidato, é uma liderança importante e do campo democrático, não há nenhuma dúvida com relação a isso”, afirmou Edinho Silva em conversa na segunda (01).

Aos críticos da aliança, Edinho diz que é preciso entender “o que está em disputa no momento histórico do país”. Nesse sentido, Eduardo Paes tem muita clareza de que lado está, e é do lado certo da história ", pontua.

Paes revoltou apoiadores do presidente Lula ao saudar efusivamente o pastor Silas Malafaia durante seu aniversário, em setembro. “Independente de orientação política, eu quero dizer o seguinte: nós estamos do seu lado. Mexeu com o Silas Malafaia, mexeu comigo”. À coluna, em setembro, Malafaia reforçou a relação dos dois e frisou que o prefeito é seu amigo.

O presidente do PT minimizou qualquer chance de contradição entre as posturas de Paes e o apoio do partido. “Eu não estava no momento que ele fez a saudação ao pastor Malafaia, mas certamente foi numa circunstância que ele tinha que saudar.. Não tem problema nenhum você ser educado com as pessoas”.