Na véspera de decisão de juro nos EUA, Bolsa renova recorde e dólar cai a R$ 5,36
Os indicadores locais reagiram às expectativas positivas vindas do exterior. Amanhã, o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) decide a taxa de juro nos Estados Unidos, enquanto um acordo comercial entre o país com a China é esperado para ser anunciado nos próximos dias.
Por aqui, o dólar encerrou em baixa de 0,18%, aos R$ 5,36, enquanto o Ibovespa, principal índice da B3, renovou o recorde de fechamento, superando pela primeira vez os 147 mil pontos no encerramento das negociações.
Para analistas, é dado como certo a redução do juro americano em 0,25 ponto porcentual amanhã, para a faixa entre 3,75% e 4% (diferente do Brasil, a taxa lá é definida em uma banda). A redução impacta os investimentos em todo o mundo:
— O foco de hoje é o corte de juros americano, principalmente porque o Fed terá que decidir sem nenhum dado oficial — diz Caique Stein, sócio da Blue3 Investimentos, sobre o chamado shutdown, que está em sua quarta semana.
Diante do impasse no Congresso americano, que ainda não definiu um acordo para a votação do Orçamento no próximo ano fiscal, as agências americanas não divulgam dados cruciais para balizar a condução da taxa de juros do país, já que a falta de orçamento impacta o trabalho dos funcionários lotados nas autarquias que dependem do orçamento federal.
Ainda assim, a plataforma FedWatch aponta que 98% de contratos negociados apostam numa redução da taxa na reunião de amanhã, em linha com as expectativas do próprio comitê, que previu, em setembro, alcançar dois cortes até a última reunião do ano, em dezembro.
A decisão tem impacto global. O juro dos EUA calibra o valor do dólar, que impacta moedas e investimentos em todo mundo. Quando a taxa está alta, parte volumosa do capital global vai para os Estados Unidos, já que o país é considerado um dos mais seguros do mundo para aplicações. Com menos dólares no mundo, seu preço aumenta.
Diante de um ciclo de flexibilização do juro por lá, iniciado no mês passado, o capital global começa a buscar aplicações que possam render mais. E países emergentes, como o Brasil, se tornam mais atraentes para o destino deste capital.
Trump e Xi também no radar
Os investidores também estão animados com o encontro de Xi Jinping e Donald Trump, que deve acontecer na quinta-feira.
Reportagem do jornal americano Wall Street Journal afirmou que a China pode, num eventual acordo, impor maior controle sobre a exportação de produtos químicos usados na produção do fentanil, que tem causado mortes por overdose nos EUA. Se a medida for tomada pelo país asiático, diz a reportagem, as tarifas sobre os produtos chineses relacionados aos produtos químicos poderia cair, levando a uma redução da tarifa média sobre as importações de todos os outros produtos chineses.
— Se por ventura vier um acordo bom e diminuir as tarifas, pode ser que as commodities deem uma puxada (se valorizem), porque aí há projeção de crescimento do PIB mundial maior. Diminuiundo tarifas, consequentemente, a inflação cai, o que é pró-crescimento — afirma Gabriel Mollo, analista da Daycoval corretora. A moeda americana também refletiu as expectativas da decisão do juro americano e da reunião entre Trump e Xi na quinta-feira, aponta André Valério, economista sênior do banco Inter.
— O movimento de hoje é continuidade da possibilidade de acordos comerciais e redução de incertezas, surfando o desempenho global, com moedas emergentes andando na mesma direção — disse.
