Motta se reúne nesta terça (11) com líderes para discutir tramitação do PL Antifacção
Parecer do relator Guilherme Derrite enfrenta resistência do governo porque retira atribuições da Polícia Federal nas investigações contra as facções criminosas. O presidente da Câmara, Hugo Motta, se reúne nesta terça-feira (11) com líderes partidários para discutir a tramitação do projeto de Lei Antifacção.
O parecer do relator Guilherme Derrite enfrenta resistência do governo porque retira atribuições da Polícia Federal nas investigações contra as facções criminosas.
O deputado é secretário licenciado da Segurança de São Paulo e foi nomeado relator do projeto do governo pelo presidente da Câmara, Hugo Motta.
Ontem à noite, depois de ser criticado pela base governista e por especialistas, Derrite apresentou um novo parecer, alterando a redação sobre o papel da Polícia Federal, mas o impasse continua.
Na versão original, o relator dizia que a Polícia Federal só poderia atuar contra facções criminosas se fosse acionada ou provocada pelo governo do Estado.
Pela nova redação, a Polícia Federal poderá atuar por iniciativa própria, sem provocação do governador, mas precisará comunicar as autoridades estaduais.
O texto também diz que a Polícia Federal poderá participar, em caráter integrativo, com a Polícia Estadual desde que solicitada pelo delegado estadual.
O novo parecer foi divulgado depois de uma reunião de Guilherme Derrite com o presidente da Câmara, Hugo Motta, e com o diretor-geral da Polícia Federal.
Para Andrei Rodrigues, a mudança não resolve. O diretor disse que a Polícia Federal não pode apenas participar de investigação que é da competência dela. E muito menos apoiar. Ele disse que não pode aceitar qualquer proposta que reduza a capacidade da Polícia Federal combater o crime organizado
A Receita Federal também considerou o texto de Derrite inconstitucional por tirar a independência da Polícia Federal nas investigações.
Em entrevista à TV Globo, o jurista Gustavo Sampaio afirmou que a mudança não resolve o problema porque a Polícia Federal não pode ser coadjuvante na investigação.
Em entrevista à Globonews, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffman, criticou a decisão de Hugo Motta de entregar um projeto do governo ao secretário de Segurança do governador Tarcísio de Freitas.
Para o promotor Linconl Gakiya que investiga o PCC há mais de 20 anos, o relatório de Guilherme Derrite enfraquece o combate ao crime organizado por criar obstáculos à atuação da Polícia Federal:
A base do governo também criticou o texto do relator por alterar a Lei Antiterrorismo.
Guilherme Derrite já desistiu de classificar as facções como terroristas, mas insiste que é preciso dar o mesmo tratamento penal às organizações criminosas.
