Motta decide que PL antifacção não será votado hoje, mas tenta acordo com líderes para avançar nesta semana

 

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O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e líderes partidários da Casa decidiram não incluir o projeto de lei antifacção na previsão de votações desta terça-feira. A decisão foi tomada após uma reunião entre Motta e líderes porque ainda não há consenso sobre o teor do relatório.

Diferentes setores da Casa, até do governo, que é contra a versão atual do relatório, dizem que trabalham para alcançar um entendimento e votar o projeto amanhã ou na quinta-feira.

O texto é de autoria do Poder Executivo, mas é relatado pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), de oposição e que se licenciou temporariamente do cargo de secretário de Segurança de São Paulo na gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos).

– Vamos pegar o texto apresentado, a segunda versão, e até a noite construir esse entendimento. O presidente Hugo Motta atendeu ao nosso pedido, os líderes também aqui, para não votar a matéria hoje. Eu estou otimista, meu papel como líder do governo é buscar o entendimento nessas horas de tensionamento. Tem o relatório, tem o relator definido e vamos negociar com ele até amanhã, e se for necessário a noite toda, para votarmos essa matéria – disse o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

Após a reunião de líderes, Motta foi se encontrar com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, para debater o projeto. Depois da reunião com o ministro, a ideia é que o presidente da Câmara se reúna novamente com os líderes e também com Derrite.

A escolha de Derrite para ser o relator foi criticada por integrantes do governo, como a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.

Hoje, o líder do PP na Casa, Doutor Luizinho (RJ), reclamou das críticas:

– A indicação do deputado Derrite foi um pedido nosso do Progressistas. A gente esperaria em uma Casa polarizada como essa que o presidente Hugo Motta indicasse um deputado de centro, que nem seria do PL e nem do PT.

O Palácio do Planalto faz críticas a diversos pontos do relatório. Entre os trechos que preocupam estão nas alterações na Lei Antiterrorismo, em abrir margem para que a Polícia Federal perca influência no combate às facções, em um trecho que pode abrir caminho para criminalizar movimentos sociais e outro que limita as medidas de confisco de bens.

Desses trechos, Derrite fez ajustes no que trata do confisco de bens e no da PF. Ainda assim, as alterações feitas em relação a PF não agradaram a corporação a ponto de que fosse feito um acordo.

Guimarães minimizou as discordâncias e disse que é possível chegar a um entendimento.

– Assim como votamos IR com unanimidade, a gente quer avançar para construir um alto grau de unanimidade para votar essa matéria que interessa a toda a Casa, ao governo e sociedade brasileira. As duas questões que estão sendo discutidas são a redefinição das atribuições da Polícia Federal e a questão da Lei Antiterrorismo.