María Corina Machado fratura vértebra ao fugir da Venezuela em barco de pesca, dizem aliados
A líder da oposição venezuelana María Corina Machado sofreu uma fratura vertebral após deixar clandestinamente a Venezuela em um barco de pesca, segundo pessoas próximas à dirigente. A travessia, descrita como de "alto risco", teve como destino final a Noruega, onde Machado buscaria segurança após semanas de escalada repressiva do regime de Nicolás Maduro.
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De acordo com relatos de aliados, a lesão ocorreu durante a travessia marítima, realizada em condições precárias para evitar a vigilância das autoridades venezuelanas. Segundo o jornal inglês Daily Mail, a operação envolveu rotas clandestinas utilizadas por dissidentes e exigiu deslocamento rápido por áreas costeiras monitoradas pelo governo.
A venezuelana premiada com o Nobel da Paz, María Corina Machado, disse na última quinta-feira que recebeu ajuda dos Estados Unidos para sair da Venezuela. A declaração foi feita em Oslo, onde se reencontrou com os três filhos após mais de dois anos sem vê-los.
María Corina ainda acrescentou que é necessário "terminar o trabalho" para estabelecer a democracia em seu país. O presidente venezuelano Nicolás Maduro, no entanto, acusa Washington de querer derrubá-lo para se apossar do petróleo de seu país. Uma ofensiva militar americana próxima à costa venezuelana somou mais de 20 ataques a embarcações e matou mais de 80 pessoas nos últimos três meses.
— Sim, recebemos ajuda do governo dos EUA — reconheceu María Corina ao responder uma pergunta da AFP durante entrevista coletiva com o Instituto Nobel em Oslo.
Depois de uma viagem secreta, a líder opositora de 58 anos chegou à capital norueguesa tarde demais para a cerimônia na quarta-feira de entrega do Prêmio Nobel da Paz, recebido por sua filha Ana Corina Sosa.
— Vim receber o prêmio em nome do povo venezuelano e o levarei à Venezuela no momento adequado — afirmou, em inglês, no Parlamento da Noruega. — Não direi quando nem como isso acontecerá, mas farei todo o possível para poder retornar e também para acabar com esta tirania muito em breve.
A crítica de Maduro, que vive na clandestinidade desde agosto de 2024, reapareceu em público pela primeira vez em quase um ano. Ela acenou da varanda do hotel depois das 2h locais (22h em Brasília) e foi ovacionada. Questionada pela imprensa sobre suas primeiras horas em Oslo e o reencontro com os filhos, não escondeu a emoção.
— Não consegui dormir a noite, repassando uma e outra vez o instante em que vi meus filhos — afirmou em uma entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Støre. — Passei semanas pensando nessa possibilidade e a quem abraçaria primeiro. No fim, abracei os três ao mesmo tempo e foi um dos momentos espirituais mais extraordinários da minha vida.
Seus três filhos — Ana Corina, Henrique e Ricardo — vivem no exterior.
Na ausência da mãe, Ana Corina, de 34 anos, recebeu a medalha de ouro e o diploma do Nobel, um prêmio de US$ 1,2 milhão (R$ 6,55 milhões). A última vez que Ana Corina tinha visto a mãe foi em dezembro de 2023, sete meses antes das eleições presidenciais na Venezuela, nas quais Maduro foi declarado vencedor apesar das denúncias de fraude feitas pela oposição.
María Corina saiu secretamente da Venezuela a bordo de uma embarcação na tentativa de chegar a Oslo, Noruega, a tempo de receber a honraria, mas acabou perdendo a cerimônia porque o mau tempo e o mar agitado atrasou sua viagem, segundo uma fonte ouvida pela Bloomberg. A líder opositora, foragida há mais de um ano, deixou o país na terça-feira rumo a Curaçao — ilha caribenha pertencente à Holanda e onde funciona uma pequena base militar americana, a 65 km de distância do território venezuelano —, de onde partiu mais tarde de avião para a capital norueguesa.
Segundo a fonte, houve a ajuda de membros do regime do presidente Nicolás Maduro na travessia, algo que alguns altos funcionários americanos enxergam como um sinal de disposição para cooperar caso Maduro deixe o poder, pressionado pelos Estados Unidos.
