Lula mira papel de mediador entre Trump e Maduro, mas diplomatas duvidam de espaço para o Brasil

 

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Ao se posicionar como mediador entre Estados Unidos e Venezuela na conversa com Donald Trump neste domingo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta retomar para o Brasil o papel de protagonista na América do Sul, uma marca tradicional da diplomacia brasileira. A iniciativa, porém, é vista com cautela e certo ceticismo por interlocutores do próprio governo, que reconhecem a complexidade do cenário e as resistências dentro de Washington.

Lula tem reiterado, em conversas reservadas e em declarações públicas, que o Brasil deve assumir liderança nos temas da região, especialmente em momentos de tensão política e econômica. A crise venezuelana, que voltou ao centro da agenda internacional, é considerada uma oportunidade para o país reafirmar influência regional e defender soluções negociadas.

Mas há dúvidas sobre até que ponto a Casa Branca aceitará uma mediação nesse momento. A ala mais dura da política externa americana, representada pelo secretário de Estado, Marco Rubio, mantém uma postura de confronto em relação ao governo de Nicolás Maduro e defende o endurecimento das sanções. “Será que essa ala vai recuar?”, questiona um interlocutor brasileiro, refletindo o sentimento predominante no Itamaraty.

Nos bastidores diplomáticos, há relatos de que Maduro teria feito concessões diretas a Trump, por meio de Richard Grenell, auxiliar de Trump e com perfil mais moderado, em uma tentativa de aliviar a pressão internacional e preservar seu poder interno.

Em Brasília, a avaliação é que Lula quer se apresentar como voz do equilíbrio, capaz de dialogar com Washington sem romper com Caracas. Ainda assim, diplomatas reconhecem que as chances de o Brasil exercer de fato esse papel de mediador dependem da disposição dos Estados Unidos em aceitar interlocução com um terceiro país — algo que, até agora, não está assegurado.