Infográfico mostra como é a cela da Papudinha onde ex-ministro da Justiça de Bolsonaro cumpre pena; veja os detalhes

 

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O ex-ministro da Justiça Anderson Torres está preso no 19º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, chamado de Papudinha, uma ala sob administração da Polícia Militar dentro do Complexo Penitenciário da Papuda. Ele foi condenado a 24 anos de prisão e teve o início da pena determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).


A área é tradicionalmente reservada para policiais e militares condenados e outras autoridades. O próprio Torres já passou pelo local, quando esteve em prisão preventiva no curso das investigações sobre a tentativa de golpe.

O GLOBO ouviu dois ex-presos da Papudinha e obteve acesso a informações que descrevem a estrutura do local. As celas são mais espaçosas e oferecem condições melhores que as da Papuda comum: beliches, ventiladores, televisão e até uma pequena copa. Antes das reformas recentes, algumas imagens mostravam frigobar e mesa de escritório.

Procurada, a secretaria de Segurança Pública do DF disse que a resposta ficaria a cargo da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seape), que, procurada, não respondeu. A PM do DF também não se pronunciou.


Na ala especial, as celas são mais amplas, embora não haja metragem oficial divulgada. Integrantes da Secretaria de Administração Penitenciária (Seape) estimam um espaço de cerca de 12 metros quadrados.


A Papudinha também é mais flexível nas regras: permite frutas, refrigerantes e ingredientes para sobremesas, além de roupas coloridas — vermelho para regime fechado e amarelo para semiaberto. Já na Papuda, os presos devem usar roupas brancas e seguir regras rígidas para a entrada de alimentos e itens de higiene.


Os detentos têm acesso restrito à TV, correspondência física e banho de sol. Celulares, bebidas alcoólicas e visitas fora do horário são proibidos. Na Papuda, tudo deve ser lacrado e transferido para embalagens transparentes; na Papudinha, há mais tolerância, inclusive para valores em espécie — até 30% do salário mínimo.

A cela tem vaso sanitário convencional e utensílios domésticos básicos, além de chuveiro quente. Em outras unidades do complexo, o sanitário é um buraco no chão, conhecido como "boi". Os espaços foram inspecionados pelo gabinete de Moraes, porque uma possibilidade era que o ex-presidente Jair Bolsonaro fosse enviado ao local.

Segundo relatos recebidos pela reportagem, a Papudinha possui quatro celas no total, instaladas embaixo de um galpão. Três delas comportam até seis camas cada, enquanto a quarta é usada como cela individual de triagem.