IA pode garantir vantagem ao agro por até cinco anos, diz analista

 

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Investir em inovação, em particular em inteligência artificial (IA), nos próximos 12 meses poderá garantir uma vantagem competitiva no agro por até cinco anos, avalia Oscar Burd, professor do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro) e fundador da Success, empresa especializada em tecnologia da informação para a cadeia do agro. Burd participou do painel “O futuro é agora: tecnologias que estão transformando o campo”, que integrou a programação do evento Agro Horizonte:

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— A adoção de IA e de novas tecnologias será uma obrigação para quem quiser sobreviver no agro. Enquanto o rádio e a televisão levaram décadas para atingir 100 milhões de usuários, a internet levou sete anos e o ChatGPT, três meses. Quem investir em IA nos próximos 12 meses terá de três a cinco anos de vantagem competitiva.

O professor apresentou dados sobre o ganho de eficiência. A agricultura de precisão com IA leva a aumentos de produtividade de 25%, tratores autônomos representam ganhos de 22%, e sistemas integrados com sensores otimizam a produção em até 20%.

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Outras inovações, como variedades desenvolvidas por biotecnologia e manejo de pragas com IA, aumentam os resultados em 16% e 15%, respectivamente.

— O segredo está em definir metas claras e mensuráveis, envolver a alta liderança e trabalhar em ciclos de alguns meses, avaliando resultados antes de decidir os próximos passos.

Bruno Pavão, diretor de robótica da Solinftec, afirmou que a combinação dessas tecnologias está transformando o manejo das lavouras:

— A robótica agrícola é o aperfeiçoamento de duas técnicas: automação e inteligência de decisão. Nossos sistemas usam câmeras e IA para diferenciar o que é planta daninha do que é cultura. Isso permite aplicar herbicidas apenas onde é necessário.

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O resultado é expressivo: até 90% de queda no uso de moléculas químicas e preservação da microbiologia do solo — consegue-se preservar cerca de 40% a mais do que nas áreas pulverizadas anteriormente:

— Ao preservar a vida no solo, a planta responde melhor. Isso se traduz em mais vigor, melhor enchimento de grãos e mais rentabilidade.

150 robôs na soja

Pavão destacou que o Brasil é um dos únicos países do mundo com mais de 150 robôs em operação em lavouras de soja. Além disso, o país lidera o primeiro protocolo de inteligência artificial aplicado ao algodão, que já resultou em um aumento de 5,3% na produtividade e na qualidade da fibra.

Na pecuária, a Solinftec registrou avanços significativos em pastagens, com ganhos de 46% em altura e de 16% em matéria seca a partir do manejo inteligente de herbicidas.

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O fundador da Inttegra, Antonio Chaker, abordou o papel da tecnologia na pecuária e as transformações geracionais:

— Não se trata de um apagão de mão de obra, mas de entendimento. A nova geração tem outra relação com o trabalho rural, e precisamos usar IA, aplicativos e robótica como ferramentas de inclusão.

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Chaker destacou que o manejo da pecuária exige adaptações ao novo padrão climático.

—Hoje, 30% das fazendas emitem carbono, 40% zeram as emissões e 30% são aspiradores de carbono. A tecnologia é a ponte que permitirá elevar a eficiência ambiental.