Governo Lula evita politizar crise no Rio e nega que governo estadual tenha formalizado pedido de ajuda

 

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Presidente Lula veste preto em cerimônia no Planalto e, só depois, pelas redes sociais, defende atuação conjunta das forças de segurança e diz não ser possível aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias. Polícia Federal admite que foi informada da operação, mas que "não era razoável" participação da força. A fala gerou impacto dentro do governo e ministros Ricardo Lewandowski e Gleisi Hoffmann precisaram contornar o mal-estar. A estratégia do governo federal após a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro é a de não politizar a crise para evitar que eventuais críticas recaiam sobre o Planalto. Na cerimônia de posse do ministro Guilherme Boulos, nesta quarta, o presidente vestiu uma camisa preta, mas preferiu o silêncio. Depois, pelas redes sociais, ele defendeu uma atuação conjunta das forças de segurança contra o crime e frisou que ser possível aceitar que "o crime organizado continue destruindo famílias", mas não fez nenhuma crítica a operação. Outro sinal de que Lula preferiu não entrar na seara política é que o Palácio do Planalto não designou a ida do ministro da Casa Civil, Rui Costa, na comitiva que foi ao Rio se reunir com o governador, Cláudio Castro. A opção foi técnica: de enviar ministros das áreas de direitos humanos, da segurança e da Polícia Federal. A operação, no entanto, provocou um mal-estar interno, após o diretor-geral da PF admitir que a corporação foi avisada sobre a investida da polícia do Rio. Andrei Rodrigues, no entanto, explicou que houve um contato com a Superintendência da PF no Rio, mas que uma avaliação operacional indicou que “não era razoável” a Polícia Federal participar.

Diante do impacto da fala, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, tentou reduzir a repercussão: disse que a troca de informações sobre uma operação dessa magnitude não poderia ter sido ser feita entre autoridades do segundo ou terceiro escalão:

Lewandowski afirmou, ainda que Lula ficou “estarrecido” com o número de mortos. Em entrevista à GNews, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse que o pedido de ajuda do Rio de janeiro não foi feito formalmente.

Na cerimônia de posse, o ministro Boulos pediu 1 minuto de silêncio e disse que "chefe do tráfico" não está nas favelas, mas, sim, na Faria Lima, centro do mercado financeiro de São Paulo. Lula tem resistido em decretar a GLO no Rio de Janeiro para conter a crise. Ele tem dito a interlocutores que a GLO precisa ser “a última opção”. E para ser autorizada, depende de um pedido do governo estadual, o que não ocorreu.