Gleisi se reúne com Hugo Motta em meio à crise do presidente da Câmara com o governo

 

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A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, procurou nesta quarta-feira o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para falar sobre as prioridades do governo na Casa até o fim do ano. A reunião acontece em meio a um clima de tensão entre o chefe da Casa Legislativa e o Palácio do Planalto.

– Foi uma reunião que eles pediram para tratar da pauta de interesse do governo – disse Motta ao GLOBO.

O Poder Executivo deseja aprovar o orçamento, que precisa ser votado até dezembro para evitar o cenário que aconteceu neste ano, de atraso no repasse das emendas parlamentares.

Além disso, há o desejo de aprovar um projeto que amplie a tributação sobre bets e fintechs. A iniciativa é considerada importante para que haja o cumprimento da meta fiscal. Também está entre as prioridades a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança, que reforça o papel da União na área.

No momento em que tenta avançar com pautas consideradas prioritárias no Congresso, o governo passou a enfrentar um obstáculo extra após Motta anunciar o rompimento com o líder do PT na Casa, o deputado federal Lindbergh Farias (RJ).

A relação entre os dois já vinha arranhada após episódios recentes — como a tensão em torno do PL Antifacção, cuja relatoria Motta entregou à oposição —, mas integrantes da Mesa Diretora relatam que a crise escalou nas últimas semanas.

Segundo interlocutores do presidente da Câmara, Motta considera que o líder do PT atua de forma errática, não entrega votações prometidas e tenta atribuir ao comando da Casa responsabilidades que são da própria articulação do Palácio do Planalto.

O anúncio de rompimento foi feito na segunda-feira por Motta em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. “Não tenho mais interesse em ter nenhum tipo de relação com o deputado Lindbergh Farias”, afirmou.

O líder do PT reagiu e abordou a rusga em seus perfis nas redes sociais. Lindbergh disse que, se “há uma crise de confiança na relação entre o governo e o presidente da Câmara, isso tem mais a ver com as escolhas que o próprio Hugo Motta tem feito”.

O petista classificou ainda a posição do presidente da Câmara como “imatura”.

“Política não se faz como clube de amigos. Minhas posições políticas são transparentes e previsíveis. Sempre atuei de forma clara e com posições coerentes, nunca na surdina e erraticamente, como agiu o presidente da Câmara na derrubada do IOF, na PEC da Blindagem e na escolha do deputado Guilherme Derrite como relator de um PL de autoria do Poder Executivo”, disse o deputado.

Antes do tensionamento com Lindbergh se tornar público, Motta foi às redes sociais nos últimos dias para defender o PL Antifacção e rebater críticas feitas pelo presidente Lula e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao texto aprovado pela Câmara. O endurecimento da defesa pública do projeto coincidiu com o esforço do governo para reverter, no Senado, pontos considerados críticos.