Em cúpula da CELAC com União Europeia, Lula critica ações militares dos EUA no Caribe
Presidente disse que intervenções sob pretexto de combate ao crime são ilegais e reforçou que democracias não podem violar o direito internacional. Ele também cobrou unidade política na América Latina e defendeu o avanço do acordo Mercosul-UE. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas diretas aos Estados Unidos durante discurso na cúpula da CELAC com a União Europeia, realizada neste domingo (9), na Colômbia. Lula afirmou que ameaças de uso da força militar voltaram ao cotidiano da América Latina e classificou as intervenções na região como ilegais.
A referência do presidente é às ações dos EUA no Mar do Caribe, especialmente próximo à Venezuela, sob o argumento de combate ao tráfico internacional de drogas. Segundo Lula, ‘democracias não combatem o crime violando o direito internacional’.
A democracia também sucumbe quando o crime corrompe as instituições, invade os espaços públicos, destrói famílias e desestrutura negócios.
O presidente também ressaltou que a segurança é dever do Estado e que não existe solução mágica para enfrentar o crime organizado — uma resposta indireta à megaoperação realizada na última semana no Rio de Janeiro, que tem sido criticada por ele. Lula defendeu o estrangulamento do financiamento do tráfico de drogas e o combate ao tráfico de armas, mas enfatizou que nenhum país conseguirá enfrentar esse desafio isoladamente.
No discurso, Lula afirmou que há uma crise profunda na América Latina, agora mais dividida e voltada para fora do que para dentro. Disse que a intolerância tem crescido e impedido o diálogo político, citando ameaças do extremismo, do crime organizado e da manipulação de informações. Ele mencionou ainda o esvaziamento da própria cúpula em que participava: dois anos depois da última edição, poucos líderes estiveram presentes — especialmente do lado europeu.
Lula voltou a defender o fechamento do acordo Mercosul-União Europeia ainda em 2025. O presidente disse esperar que, na próxima reunião — prevista para dezembro —, os países digam “sim” para um comércio baseado em regras e contra o unilateralismo, referência indireta ao ex-presidente americano Donald Trump.
Ao final, o presidente prestou condolências às vítimas do tornado que atingiu o Caribe e a cidade de Rio Bonito, no Paraná, afirmando que seus pensamentos e orações estão com as famílias afetadas.
