CPI do INSS: assessor da Conafer admite ter ficado 'com um troco' ao operar dinheiro de descontos de aposentados
Em depoimento à CPI do INSS, CÃcero Marcelino de Souza Santos, assessor da presidência da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), entidade envolvida em descontos irregulares de benefÃcios, admitiu ter lucrado por intermediar, por meio das suas empresas, valores que seriam destinados aos beneficiários. Por meio de quatro empresas diferentes, Cìcero Marcelino disse ter recebido mais de R$ 300 milhões da Confer. Ele afirmou não saber a origem do dinheiro e disse que não se considerava um "laranja" do esquema.
Ele é investigado por receber transferências atÃpicas da entidade, segundo relatórios de inteligência financeira do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A Conafer recebeu um repasse de R$ 13 milhões em 7 de junho de 2023. No mesmo dia, a associação fez pagamentos de cerca de R$ 900 mil a diversas empresas - entre elas havia companhias que tinham sócio CÃcero Marcelino ou a sua esposa como sócios.
— Vinham valores, vinham planilhas de pagamentos diretamente da Conafer e eu fazia os pagamentos. Então, aà tem uma lista de 200, 300 pessoas. Por exemplo, tinha uma planilha que era só de gado, tinha uma planilha que era só de indÃgena, tinha uma planilha que era das secretarias? É o que vinha para passar. E aà me sobrava um troco. Era realmente isso — afirmou.
CÃcero Marcelino disse não se lembrar dos nomes dos funcionários da Conafer que faziam os repasses. O relator da CPI, o deputado Alfredo Gaspar (União-AL), o definiu como um "duto de passagem da lavagem de dinheiro" e disse que CÃcero Marcelino não deveria poupar outros nomes ligados ao esquema.Â
— Eu vejo o senhor só como um duto de passagem da lavagem de dinheiro. O senhor não é a nossa prioridade e a gente não quer que o mundo caia sobre o senhor. Dessa forma, a gente termina sendo obrigado a direcionar para o senhor, porque o senhor está matando no peito uma bola que era para ir para outro gol — afirmou.
Em notas divulgadas à imprensa, a Conafer sempre negou irregularidades e afirmou que as traferências faziam parte do "fluxo normal de suas obrigações contratuais".
