Após indicação, Messias deve procurar Alcolumbre para reforçar aproximação com o Senado

 

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Após ser indicado nesta quinta-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado-geral da União, Jorge Messias, deve iniciar uma rodada de conversas com senadores ainda nos próximos dias. Segundo aliados do novo indicado, Messias pretende procurar todos os integrantes da Casa, incluindo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), cuja insatisfação com a condução do processo marcou as últimas 48 horas em Brasília.

A aliados, Alcolumbre manifestou desconforto com o fato de não ter sido consultado por Lula antes do anúncio oficial e por ver descartada a possibilidade de o escolhido ser Rodrigo Pacheco (PSD-MG), seu preferido e nome de maior apoio dentro do Senado. A reunião entre Lula e Pacheco no início da semana, quando o presidente sinalizou que seguiria “outro caminho” para a vaga, acentuou o mal-estar interno e levou senadores de centro e oposição a cobrarem uma reação do presidente da Casa.

De acordo com um aliado, Messias “vai fazer o que sabe fazer bem: dialogar”. Ele afirmou que o indicado pretende reforçar junto aos parlamentares, inclusive os de oposição, que sua atuação no Supremo será “correta, séria e técnica”, nos mesmos moldes de sua passagem pela AGU. Auxiliares ressaltam que Messias sempre recebeu senadores de todas as correntes políticas “sem distinção” e que pretende repetir essa postura na etapa de sabatina.

Embora ainda não haja uma lista fechada dos primeiros encontros, auxiliares afirmam que Messias pretende procurar Alcolumbre “provavelmente cedo” como parte do esforço para reduzir tensões e reorganizar o diálogo institucional antes da sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A aprovação do indicado exige maioria absoluta no plenário, com pelo menos 41 votos favoráveis.

A indicação de Messias consolida a estratégia de Lula de privilegiar nomes de confiança para o STF — como já fez com Cristiano Zanin e Flávio Dino — e também é vista como um gesto ao eleitorado evangélico.

Mas o início da tramitação no Senado ocorrerá em ambiente mais sensível do que o habitual. A votação apertada de Paulo Gonet para a PGR, na semana passada, e a preferência explícita do Senado por Pacheco reforçaram a percepção de que o Planalto terá um percurso mais complexo na Casa.