Apagão em São Paulo já fez comércios e serviços perderem R$ 1,54 bilhão em faturamento, diz FecomercioSP
A falta de luz que atinge a cidade de São Paulo já causou ao menos R$ 1,54 bilhão de perda de faturamento para os setores produtivos, de acordo com cálculos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Segundo a entidade, somente o setor de serviços deixou de faturar R$ 1 bilhão entre esta quarta (10) e quinta-feira (11), enquanto o comércio perdeu R$ 511 milhões.
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O cálculo considera o impacto da falta de energia elétrica em pelo menos 2,2 milhões de imóveis na cidade na metade da quarta-feira, e em ainda 1 milhão de unidades nesta quinta (12). Ainda há cerca de 1,3 milhão de residências sem luz em todos os 24 municípios atendidos pela Enel São Paulo, na Região Metropolitana. Ainda segundo a federação, em outubro de 2024, quando outro apagão deixou milhões sem energia elétrica, as perdas chegaram a quase R$ 2 bilhões.
“Estamos falando apenas do potencial de perdas. De um lado, é possível que mais gente tenha sido afetada, assim como dá para cogitar que alguns profissionais conseguiram acessar outros imóveis onde a energia não acabou", explica Fábio Pina, assessor econômico da FecomercioSP, que orienta que todos os afetados pela interrupção do fornecimento abram um chamado junto na distribuidora para formalizar a falta de energia para pedir, posteriormente, compensação financeira por panes em equipamentos elétricos, por exemplo.
Como mostrou reportagem do GLOBO, bares e restaurantes em diferentes regiões da cidade já contabilizam os prejuízos. Em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, o restaurante especializado na cozinha do Oriente Médio Make Hommus. Not War está há 24 horas sem energia e precisou suspender os serviços no almoço e jantar de ontem, além do almoço de hoje. Reservas feitas com antecedência — como a de um grupo de 30 pessoas que iria celebrar o fim de ano no local — tiveram que ser canceladas. A estimativa é que o prejuízo chegue a R$ 50 mil, tendo em vista os dias sem funcionamento e o grande volume de alimentos estocados que terão de ir para o lixo, pois ficaram sem refrigeração.
— O grande problema é que não temos uma previsão certa de quando a energia volta, para que possamos nos organizar, fazer a limpeza. No WhatsApp eles dizem assim: volta às 14h, quando chega nesse horário, muda para 19h e depois muda de novo — diz a sócia Talita Silveira. — Aí ficam todos no escuro, sem carga de celular, sem nada, esperando e a luz não volta.
Entre permanecer fechado e abrir parcialmente, o comerciante José Carlos Ribeiro, 66, dono de um bar na Rua do Hipódromo, na Mooca, na Zona Leste, preferiu a segunda opção. Sem luz desde o meio-dia de ontem, Ribeiro não serve mais bebidas geladas e a vitrine de salgados está sem aquecimento.
—A coxinha está fria, estamos servindo almoço, mas trabalhando no sacrifício, pois a cozinha é escura. As carnes do freezer ainda estão congeladas, mas se a luz não voltar hoje vou perder as mercadorias — diz o comerciante, que está tentando desde ontem alugar um gerador a diesel para utilizá-lo em uma geladeira.
Perto dali, na Rua dos Trilhos, o Bar do Nestor não está servindo almoço. Na noite anterior, o jantar também deixou de ser feito.
— As carnes e frangos do freezer vão estragar. Tem R$ 1.500 reais de mercadoria ali. A cerveja que deixou de ficar gelada eu já perdi, pois ficou choca e não vai dar mais para servir aos clientes — diz José Nestor da Silva— dono do estabelecimento há 22 anos.
