Análise: Catarse do pênaltis faz justiça a um Vasco melhor que o Fluminense nas semis; nível precisa subir na decisão
O mata-mata é uma fábrica de heróis. E o Vasco viveu isso por duas noites. Se no jogo de ida, Vegetti foi esse nome, ontem, o papel ficou com outro velho conhecido. Léo Jardim pegou dois pênaltis e pôs o cruz-maltino de volta a uma final de Copa do Brasil após 14 anos. A vitória cruz-maltina por 4 a 3 nas penalidades, num Maracanã com 67 mil presentes, ainda teve Fábio, em noite primorosa durante os 90 minutos e defendendo a primeira cobrança — ironicamente, de Vegetti. John Kennedy e Canobbio perderam para o tricolor e Puma Rodríguez converteu a penalidade decisiva para o cruz-maltino. No tempo regulamentar, o Fluminense fez 1 a 0, com gol contra de Paulo Henrique (1 a 1 no agregado).
Léo Jardim faz sua primeira defesa nos pênaltis
Guito Moreto
A catarse emocional, do campo às arquibancadas do Maracanã, fez justiça ao desempenho do Vasco nos dois jogos das semifinais. O cruz-maltino foi melhor que o Flu em parte da primeira etapa e na totalidade da segunda da primeira partida. Ontem, voltou a fazer jogo mais sólido e criar chances mais claras que os rivais, desta vez numa versão mais perigosa, e que chegou a ganhar a partida. Fábio fez pelo menos quatro grandes defesas, entre chances de Rayan, Coutinho e Andrés Gómez, e evitou que o Vasco mexesse no placar.
Há motivos para otimismo. Gómez, rápido e incisivo, vive sua melhor fase com a camisa do Vasco. Rayan, mesmo sem o brilhantismo do jogo da ida, levou perigo ao gol do Fluminense. Por fim, as duplas de volantes (Barros e Thiago Mendes) e zagueiros (Cuesta e Robert Renan) dão ótimos sinais de ajuste e Puma segue entregando boas performances improvisado na lateral esquerda, na ausência de Piton.
Por outro lado, erros técnicos individuais como o gol contra de Paulo Henrique e os equívocos na saída de bola não podem ser cometidos na quarta-feira e no domingo, contra o Corinthians, que eliminou o Cruzeiro horas antes, também nos pênaltis. O primeiro jogo será disputado na Neo Química Arena, enquanto o duelo da volta será no Maracanã. Um confronto de altíssimo nível técnico e exigência física, contra um time que é uma pedra no sapato histórica para o cruz-maltino, principalmente em casa. O nível precisa subir para sonhar com o título, e o elenco e o técnico Fernando Diniz sabem disso.
Fluminense x Vasco no Maracanã
Guito Moreto
O jogo
Na etapa inicial, as melhores oportunidades foram do Vasco, mas o Fluminense foi mais eficiente para sair com a vitória parcial. Principalmente graças a um Fábio em noite inspirada, com duas lindas e decisivas defesas, e a um Thiago Silva cirúrgico, que cortou Rayan na grande área em condição de finalizar.
O time de Fernando Diniz começou a partida assustando em bela jogada individual de Andrés Gómez. O colombiano dominou pela esquerda, carregou até a meia-lua e soltou bonito chute colocado, no ângulo. Fábio se esticou e salvou.
O primeiro tempo foi amarrado e de pouca bola rolando, entre marcações de falta, divididas duras, braços no rosto e pequenas confusões entre os jogadores e as comissões técnicas.
O ritmo cresceu no fim, principalmente depois de o tricolor abrir o placar, em gol contra de Paulo Henrique. Canobbio cruzou da direita, Everaldo desviou na trave e a bola foi para o meio da área. Na tentativa de afastar, o lateral-direito acabou desviando para as redes.
Melhor para o Fluminense, que marcava e atacava bem na transição, mas tinha dificuldades para construir.
No fim do primeiro tempo e no início do segundo, o Vasco fez uma blitz. Rayan cobrou falta da intermediária e viu Fábio ir buscar novamente no canto. Ainda antes do intervalo, Philippe Coutinho havia tido outra boa oportunidade da entrada da área.
Fábio segue salvando
Fábio ainda pararia Rayan em duas oportunidades. Grande destaque do primeiro jogo, o jovem atacante, de contrato renovado com o cruz-maltino, pecou na tomada de decisão e viu Thiago Silva fazer outro desarme providencial na etapa final.
Passada a pressão do Vasco, o Fluminense cresceu no jogo. Tinha mais a bola e conseguia quebrar as linhas e sair pelos corredores com mais facilidade, mas pecava muito no último passe e nas finalizações.
Os times cansaram, mas o tricolor ainda ficou muito perto de definir a semifinal no fim. Serna recebeu livre pela esquerda, mas atrasou a jogada ao cortar para dentro e perdeu a chance. No último lance, John Kennedy dominou cruzamento rebatido pela defesa na marca do pênalti e bateu por cima do gol de Léo Jardim, levando a decisão para a disputa de penalidades.
