Ampla vitória de Kast impulsiona Chile para órbita conservadora liderada pelos EUA
O ultraconservador José Antonio Kast venceu as eleições presidenciais do Chile no domingo com uma margem esmagadora, aproveitando a insatisfação dos eleitores em relação à criminalidade e à imigração para levar o país à sua guinada mais dramática à direita em décadas. O triunfo de Kast representa a mais recente rejeição da esquerda na América Latina, com o Chile emergindo como mais um aliado dos Estados Unidos em uma região que tem se inclinado cada vez mais para a China, que é o principal parceiro comercial de Santiago, nas últimas décadas.
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Na América Latina, a rejeição pela esquerda está, de fato, ficando cada vez mais evidente. Em outubro, o partido do presidente conservador Javier Milei venceu as eleições legislativas na Argentina, e Rodrigo Paz encerrou 20 anos de regime socialista na Bolívia, ganhando as presidenciais no país.
No domingo, em uma publicação no X, Milei disse ter certeza de que trabalharia com Kast para ajudar “a América a adotar ideias de liberdade e a se libertar do jugo opressivo do socialismo”.
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José Antonio Kast, um ex-parlamentar e filho de imigrantes alemães do pós-guerra, tomará posse em 11 de março, prometendo um “governo de emergência” para reprimir rapidamente a imigração irregular, ao mesmo tempo que reduz impostos e gastos públicos. Desde o primeiro dia, Kast, de 59 anos e pai de nove filhos, enfrentará grandes desafios, incluindo um Congresso dividido e demandas generalizadas por resultados rápidos
— As mudanças começarão imediatamente — disse Kast em seu discurso de vitória em sua sede no sofisticado bairro comercial de Las Condes, em Santiago, onde, durante horas, motoristas agitaram bandeiras chilenas pelas janelas e buzinaram em comemoração. — Mas isso exigirá perseverança.
Kast adotou um tom conciliatório, buscando o apoio da oposição ao afirmar que eles precisam uns dos outros para combater o crime organizado e outros problemas.
— O Chile voltará a ser livre do crime, livre da angústia, livre do medo — afirmou.
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Kast também suavizou a retórica anti-imigrante que empregou durante a campanha ao distinguir entre aqueles, como médicos estrangeiros que trabalham para ajudar o Chile, e aqueles que não possuem documentos.
— Não nos peçam imigrantes sem documentos, que gastemos todos os nossos fundos sociais com vocês. Somos um país acolhedor. Queremos recebê-los, mas somente se cumprirem a lei — acrescentou o presidente eleito. — Quem não obedecer à lei terá que ir embora.
(Com Bloomberg)
