União Europeia aprova novas metas climáticas às vésperas da COP30

 

Fonte:


Após mais de 18 horas de negociações, bloco define redução de 90% nas emissões até 2040, mas concessões e uso de créditos de carbono geram críticas. A União Europeia chegou a um acordo sobre as novas metas climáticas do bloco, às vésperas da abertura da COP30, no Brasil. As negociações em Bruxelas duraram mais de 18 horas, atravessaram a madrugada, e o pacto foi anunciado na manhã desta quarta-feira pela Dinamarca, país que ocupa a presidência rotativa da União Europeia.

O compromisso sobre as metas de redução de gases de efeito estufa para 2035 e 2040 veio acompanhado de uma série de concessões destinadas a convencer os países mais reticentes, como a Itália. O acordo estabelece a redução das emissões de CO₂ em 90% até 2040, em relação aos níveis de 1990. No entanto, os Estados-membros poderão adquirir até 10% de créditos de carbono internacionais para atingir esse objetivo — um mecanismo amplamente criticado por organizações ambientalistas.

Outra concessão foi o adiamento da ampliação do mercado de carbono para o transporte rodoviário e o aquecimento de edifícios. Essa medida, inicialmente prevista para 2027, foi adiada para 2028. Os europeus também formalizaram uma meta intermediária de redução, que será apresentada nas negociações climáticas da ONU em Belém, fixada entre 66,25% e 72,5% até 2035.

A União Europeia é o quarto maior emissor do mundo, atrás apenas da China, dos Estados Unidos e da Índia. Apesar disso, o bloco é considerado o mais comprometido na adoção de ações contra as mudanças climáticas e já conseguiu reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 37%, em comparação com os níveis de 1990.

O novo acordo era aguardado com grande expectativa — dez anos após o ambicioso Acordo de Paris, que estabeleceu o limite de 1,5 °C para o aquecimento global até o fim do século, e às vésperas da abertura da COP30, em Belém. No entanto, o pacto acabou gerando decepção, sendo considerado menos ambicioso do que sugere o número de 90%.

“Esse acordo é muito mais fraco do que parece”, criticou Stephen Armeling, da Rede de ONGs Ambientais (CAN Europa).