UE reage a plano dos EUA que pressiona Ucrânia a ceder território à Rússia

 

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Chanceleres europeus dizem que proposta americana equivale a ‘capitulação’ e defendem garantias para evitar novas agressões de Moscou A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, afirmou nesta quinta-feira (20) que a paz na Ucrânia “não pode ser negociada sem europeus e ucranianos”, ao reagir ao novo plano apresentado pelos Estados Unidos para tentar encerrar a guerra. A proposta, divulgada por Washington na quarta-feira, pressiona Kiev a ceder territórios atualmente ocupados pela Rússia e a reduzir seu efetivo militar pela metade — pontos considerados inaceitáveis pelos europeus.

O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, classificou a ideia como uma “capitulação”. Ao chegar a Bruxelas para uma reunião com os chanceleres do bloco, ele reiterou que a União Europeia defende uma paz duradoura, com garantias que impeçam novas agressões por parte do governo de Vladimir Putin.

O plano americano foi divulgado no mesmo dia em que a Ucrânia sofreu um dos ataques russos mais mortais dos últimos meses: ao menos 26 pessoas, incluindo três crianças, morreram em Ternopil, no oeste do país. Outras 22 seguem desaparecidas dois dias após o bombardeio.

A iniciativa dos EUA também coincidiu com a visita do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, à Turquia, onde tentou — sem sucesso — reativar negociações de paz. Analistas afirmam que a proposta de Washington repete exigências já apresentadas por Moscou desde o início da invasão, em fevereiro de 2022. Kiev denuncia essas condições como “inaceitáveis”.

Atualmente, a Rússia controla cerca de 20% do território ucraniano. As negociações entre os dois lados têm produzido apenas acordos de devolução de corpos de soldados mortos e de prisioneiros de guerra. Nesta quinta-feira, Moscou devolveu mais de mil corpos à Ucrânia, somando mais de 15 mil desde o começo do ano. Kiev também entregou à Rússia algumas centenas de militares mortos no mesmo período.