Trump e Xi se reúnem na Coreia do Sul, e presidente dos EUA anuncia acordo sobre terras-raras e redução de tarifas

 

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O presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping, se reuniram nesta quinta-feira, no primeiro encontro frente a frente dos dois em seis anos. A reunião buscou uma trégua à guerra comercial entre os dois países.

Trump e Xi conversaram por menos de duas horas. Logo após o fim do encontro, o presidente norte-americano deixou a Coreia do Sul. Na saída, ambos os líderes evitaram dar declarações. Mas já a bordo do avião presidencial Air Force One, o presidente norte-americano anunciou ter chegado a um acordo com Xi sobre terras-raras, além de afirmar que vai reduzir para 10% as tarifas sobre a China relacionadas ao fentanil.

- Eu coloquei uma tarifa de 20% na China por causa do fentanil entrando, que é uma grande tarifa. Mas [decidi] reduzir para que seja 10%, com efeito imediato - declarou Trump.

Sobre terras-raras, o presidente também falou em acordo positivo: - Tudo relacionado aos elementos de terras-raras foi resolvido, e isso vale para o mundo. A China havia imposto restrições às exportações de terras-raras após o tarifaço de Trump. O gigante asiático tem o monopólio virtual desses materiais, essenciais para indústrias como a tecnológica ou a de defesa.

Míriam Leitão: Terras-raras e tarifas: a cartada estratégica da China contra os EUA

Segundo a CNN, Trump afirmou que ele e Xi Jinping chegaram a um acordo comercial que poderá ser assinado em breve. - Temos um acordo. Agora, todos os anos vamos renegociar o acordo, mas acho que o acordo vai durar muito tempo. É um acordo de um ano e vamos estendê-lo depois de um ano - afirmou, acrescentando que ele e Xi concordaram em "quase tudo", inclusive no comércio de soja.

- Estamos de acordo sobre tantos elementos... Grandes quantidades, enormes quantidades de soja e outros produtos agrícolas serão comprados imediatamente - disse Trump a repórteres a bordo do Air Force One. As tarifas de Trump levaram a China a parar de comprar soja dos EUA em maio.

A delegação chinesa ainda não comentou o conteúdo das negociações de quinta-feira.

Novos encontros

O presidente dos EUA afirmou que visitará a China em abril do ano que vem, e garantiu que Xi visitará os EUA algum tempo depois disso. - Eu irei para a China em abril, e ele virá aqui algum tempo depois disso, seja na Flórida, Palm Beach ou Washington, DC - disse.

Pouco antes da reunião com Xi Jinping, Trump anunciou a retomada dos testes nucleares dos Estados Unidos, em resposta à Rússia e à própria China - o presidente Vladimir Putin havia anunciado, na véspera, que Moscou testou com sucesso um drone submarino com capacidade nuclear e propulsão nuclear, desafiando os alertas de Washington.

Na sua rede social, Trump acrescentou que, em termos de arsenais nucleares, a China ocupa um “distante terceiro lugar” atrás dos Estados Unidos e da Rússia, “mas que em cinco anos estará no mesmo nível”.

Apesar do tema espinhoso, na hora do encontro Trump foi só elogios a um sorridente Xi, chamando-o de “negociador muito duro”, enquanto apertavam as mãos em Busan, Coreia do Sul.

Xi, por sua vez, disse ao magnata que Estados Unidos e China “devem ser parceiros e amigos”, e que podem “assumir conjuntamente” sua “responsabilidade como países importantes e trabalhar juntos para alcançar coisas maiores e concretas”.

Sentados frente a frente quando começou a reunião bilateral, a portas fechadas, cada líder estava acompanhado por altos funcionários, entre eles o secretário de Estado, Marco Rubio, e seu homólogo chinês, Wang Yi.

Segundo o Boletim de Cientistas Atômicos, o último teste nuclear da China ocorreu em 1996 e o dos Estados Unidos em 1992.

Ambos os líderes estavam na Coreia do Sul para a cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), que acontece até sábado na cidade de Gyeongju.

Cúpula da APEC

A reunião Trump-Xi ofuscou por algumas horas a cúpula da APEC, da qual também participarão os líderes de Japão, Austrália e Canadá. Pela América Latina, o único presidente presente será o chileno Gabriel Boric.

O mandatário de esquerda tem para esta quinta-feira uma agenda com empresários e o ex-secretário-geral da ONU Ban Ki Moon na capital Seul, distante dos holofotes das negociações entre Washington e Pequim.

Em meio ao seu cabo de guerra com os Estados Unidos, o México está representado, por sua vez, pelo ministro do Comércio, Marcelo Ebrard.

O chefe da pasta teve, na véspera, um encontro com o representante comercial norte-americano, Jamieson Greer, no qual acertaram avançar nos “próximos passos” de suas intensas negociações para alcançar um acordo comercial antes de 2026.

Nesse ano, começará a revisão do T-MEC, o tratado de livre comércio compartilhado por México, Estados Unidos e Canadá.

* Com AFP