Sheinbaum reage a Trump e descarta intervenção militar dos EUA no México: ‘Isso não vai acontecer’
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, rejeitou nesta terça-feira a possibilidade de intervenção militar dos Estados Unidos em território mexicano. A declaração foi feita um dia após seu homólogo americano, Donald Trump, sugerir que poderia enviar tropas terrestres ao país vizinho para combater o tráfico de drogas. Na ocasião, o republicano disse estar “insatisfeito” com o México e mencionou possíveis ofensivas contra Venezuela e Colômbia.
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— Isso não vai acontecer — afirmou Sheinbaum de maneira enfática durante sua entrevista coletiva matinal. — Eu disse a eles (membros do governo americano) em todas as conversas que podemos colaborar, que eles podem nos ajudar com as informações que têm, mas que operamos em nosso território. Não aceitamos intervenção de governo estrangeiro.
Na segunda, Trump disse que ficaria “orgulhoso” de ampliar ataques — que têm como alvo embarcações supostamente usadas para o tráfico de drogas no mar do Caribe e no Pacífico Oriental — para atingir alvos em terra na Venezuela, na Colômbia e no México, devido a preocupações com drogas entrando nos Estados Unidos. Sheinbaum, porém, disse que os EUA afirmaram que não irão intervir a menos que o México solicite especificamente.
— Não vamos pedir isso porque não queremos intervenção de nenhum governo estrangeiro — reforçou.
Sheinbaum também citou o histórico conflito entre México e Estados Unidos, entre 1846 e 1848, ao mencionar que “da última vez em que os Estados Unidos vieram ao México com uma intervenção, levaram metade do território”. A presidente ressaltou ainda que existe um acordo de colaboração em segurança com Washington — e assegurou que, nele, está “muito claro o respeito à soberania” mexicana.
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As trocas de declarações ocorrem enquanto ambos os governos mantêm negociações para evitar a imposição de tarifas às exportações mexicanas, tema que vem tensionando a relação bilateral.
Tensão na Venezuela
A campanha de ataques letais de Trump contra embarcações já matou cerca de 80 pessoas, gerando acusações de críticos de que o governo está envolvido em execuções extrajudiciais. Quanto à Venezuela, Trump se recusou a descartar o envio de militares, mas, à medida que as forças americanas se acumulam na região — incluindo o porta-aviões mais avançado dos EUA e 15 mil militares —, o presidente americano espera que a pressão seja suficiente.
— Sim, eu provavelmente conversaria com ele — disse Trump na segunda-feira, quando perguntado se falaria com o presidente venezuelano antes de ordenar ataques.
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Maduro sugeriu, também na noite de segunda-feira, que estaria aberto ao diálogo com seu homólogo americano. No entanto, possíveis conversas entre Trump e Maduro ainda estão em estágio muito preliminar, disse um alto funcionário da Casa Branca à CNN. Maduro e seus aliados procuraram os Estados Unidos por meio de vários canais, demonstrando interesse em abrir uma linha de comunicação.
Ainda não está claro quais sinais a administração dos EUA havia recebido de que Maduro estava preparado para uma nova rodada de diplomacia. No mês passado, Trump instruiu sua equipe a interromper a aproximação diplomática com Maduro e altos funcionários venezuelanos. Na época, o presidente americano e autoridades de alto escalão estavam frustrados com o fato de que Maduro não aceitava deixar o poder voluntariamente. (Com Bloomberg e AFP)
