Secretário de Defesa dos EUA volta a defender ataque duplo contra barco no Caribe, em meio a acusações de crime de guerra
O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, voltou a defender no sábado o ataque aéreo duplo a um barco suspeito de transportar drogas na região do Caribe, dizendo que teria tomado a mesma decisão que o almirante que ordenou que sobreviventes fossem mortos, e não confirmou se divulgaria o vídeo completo da ação — algo que o presidente Donald Trump sugeriu que faria.
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— Estamos revisando o processo e veremos — disse Hegseth sobre a possível divulgação, mais hesitante do que Trump, que disse na quarta-feira que não tinha "nenhum problema" em divulgar a filmagem.
Hegseth sugeriu que parte do processo de revisão busca garantir a proteção de "fontes e métodos" de uma "operação em andamento".
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Durante uma participação no Fórum Nacional de Defesa Reagan, em Simi Valley, Califórnia, Hegseth evitou responder perguntas sobre a divulgação do vídeo. Parlamentares vêm debatendo se o segundo bombardeio a uma embarcação, que matou dois sobreviventes de um primeiro ataque, que se agarraram aos destroços de uma lancha, constituiu um crime de guerra.
Parlamentares assistiram à filmagem do ataque de 2 de setembro na quinta-feira, que mostrava a parte dianteira do barco virada, mas ainda flutuando após o primeiro ataque. As leis de conflitos armados proíbem atacar inimigos que naufragaram e estão fora de combate.
O debate sobre o segundo ataque se intensificou depois que o Washington Post noticiou, no fim de novembro, que Hegseth teria dado uma ordem verbal ao comandante de Operações Especiais responsável pelo ataque, o almirante Frank Bradley, para matar todos. O secretário classificou o relato como "absurdo". Em outro momento durante o Fórum, ele apoiou a decisão do almirante.
— Pelo que eu entendia então e pelo que entendo agora, apoio totalmente aquele ataque. Eu teria tomado a mesma decisão — disse. — Os dias em que esses narcoterroristas, organizações terroristas designadas, operam livremente em nosso hemisfério acabaram. Esses narcoterroristas são a al-Qaeda do nosso Hemisfério.
Uma publicação de Donald Trump nas redes sociais mostra um barco transportando supostos traficantes de drogas no Caribe, em setembro
Truth Social/AFP
Ao ser questionado se existe um protocolo para lidar com sobreviventes, Hegseth citou um ataque de 16 de outubro realizado pelos militares dos EUA contra uma embarcação semissubmersível suspeita de traficar drogas no Caribe. Dois homens sobreviveram e estavam sendo enviados de volta aos seus países de origem.
— Não mudamos nosso protocolo — disse ele. — Era apenas uma circunstância diferente.
Os quase duas dezenas de ataques a barcos no Caribe e no Pacífico vêm sendo alvo de escrutínio bipartidário. O senador Thom Tillis, um republicano cujo voto foi decisivo para a apertada confirmação de Hegseth em janeiro e que está se aposentando do Congresso, classificou o segundo ataque como "uma violação do código ético, moral e legal".
Hegseth também enfrenta críticas depois que o órgão de controle interno do Pentágono constatou que ele colocou tropas americanas em risco ao enviar planos detalhados de ataque por um grupo de chat no Signal. (Com NYT e Bloomberg)
