Quem é Andriy Yermak, principal assessor de Zelensky e envolvido na maior crise de corrupção da Ucrânia?

 

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Quando Volodymyr Zelensky chegou à presidência da Ucrânia, em 2019, Andriy Yermak não demorou a assumiu um cargo de confiança do amigo que tinha conhecido há cerca de 10 anos, ainda longe da política, quando faziam parte da cena de produção cultural. Na tarde desta sexta-feira, essa relação ganhou um novo capítulo, agora de afastamento, com a renúncia de Yermak ao cargo de principal assessor de Zelensky. A decisão ocorreu após investigadores realizarem buscas na casa do poderoso chefe de Gabinete como parte de uma ampla investigação de corrupção.

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Andriy Yermak, de 53 anos, é advogado especialista em propriedade intelectual e produtor de cinema de formação. Ele e Zelensky se conheceram em 2010. Considerado o braço direito do presidente, Yermak ocupava o cargo de chefe de Gabinete desde 2020, dois anos antes do início da invasão russa à Ucrânia, em substituição a Andriy Bohdan.

No cargo pôde expandir sua influência em diferentes setores e instâncias, passando a ser considerado por muitos como o "número dois" na Ucrânia. Seu poder chegou ao parlamento, aos sistemas judicial e policial e até em empresas públicas por meio de nomeações-chave. Os críticos apontam que o chefe de Gabinete concentra poder excessivo, controlando efetivamente a política externa do país e limitando o acesso do presidente.

Influente nas decisões

Desde o início da invasão russa, há quase quatro anos, ele liderou várias rodadas de negociações com os americanos em Washington, bem como no último fim de semana em Genebra com o secretário de Estado Marco Rubio.

Mesmo com as negociações para encerrar a guerra atraindo a atenção na Ucrânia e no exterior, a investigação de corrupção pairava sobre Yermak e um segundo negociador ucraniano, Rustem Umerov, que foi interrogado esta semana por detetives em Kiev, após retornar de Genebra.

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Nos bastidores, Yermak não é bem visto por representantes internacionais durante as rodas de negociações, sendo visto por diplomatas como pouco informado e excessivamente exigente. A imagem dentro do país também não tem melhora, com apenas 17,5% dos ucranianos dizendo confiar nele.

Alvo de operação

O presidente Volodymyr Zelensky falou, nesta sexta-feira, após a operação que teve Andriy Yermak como alvo como parte de uma ampla investigação de corrupção.

— O gabinete do presidente da Ucrânia será reorganizado. O chefe do gabinete, Andriy Yermak, apresentou sua renúncia — disse Zelensky em um pronunciamento em vídeo, acrescentando que realizará consultas com um possível substituto no sábado.

A casa e o local de trabalho do chefe de Gabinete foram alvos de buscas por autoridades ucranianas na manhã desta sexta-feira. Nesta tarde Yermak apresentou sua demissão.

"A Nabu e a SAP estão conduzindo investigações em minha residência. Os investigadores não encontram nenhum obstáculo" e receberam "acesso total ao meu apartamento", afirmou Yermak mais cedo no Telegram.

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A busca na propriedade ocorreu após semanas de apelos de membros da oposição no Parlamento pela renúncia do chefe de Gabinete, devido aos seus laços estreitos com figuras envolvidas em um esquema de propina relacionado à empresa estatal de energia nuclear. Um desses parlamentares afirma que Yermak é mencionado em gravações de conversas entre suspeitos, que pedem para ele pressionar as estruturas anticorrupção. Nessas gravações, ele é identificado pelo pseudônimo "Ali Baba", formado pelas iniciais de seu nome e sobrenome.

As investigações, portanto, estariam relacionadas a um dos piores escândalos de corrupção que abalaram o país nas últimas semanas, e já provocaram a destituição de dois ministros.

O escândalo surgiu no início de novembro, quando a Nabu revelou a existência de um "sistema criminoso", orquestrado, segundo os investigadores, por um aliado de Zelensky. A rede, de acordo com uma fonte ouvida pela AFP, permitiu desviar US$ 100 milhões (cerca de R$ 530 milhões, na cotação atual) do setor energético.

Com AFP, La Nación, The New York Times e CNN.