Publicação de Flávio também foi motivo para Moraes decretar prisão de Bolsonaro em agosto
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes citou mais uma vez postagem do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para justificar a prisão do preventiva de Jair Bolsonaro. Em agosto, quando foi decretada a prisão domiciliar do ex-presidente, Moraes já tinha alertado sobre a utilização dos perfis dos filhos de Bolsonaro como forma de driblar a proibição de uso das redes sociais por Bolsonaro.
Há três meses, uma imagem compartilhada por Flávio foi o estopim para Moraes converter a proibição de uso de redes sociais em prisão domiciliar. Dessa vez, um vídeo postado pelo parlamentar, convocando apoiadores para uma vigília, foi interpretado como risco à garantia da ordem pública, resultando na transferência de Bolsonaro para a Superintendência da Polícia Federal.
Nesta sexta-feira, o senador convocou apoiadores para uma vigília em frente ao condomínio onde Bolsonaro mora e cumpria sua prisão, o que poderia configurar risco iminente de tumulto e violação do perímetro de segurança da residência onde o ex-presidente cumpre pena.
No vídeo, publicado em formato de "Shorts" no YouTube e replicado em outras redes, o senador convocava a base bolsonarista, afirmando que os bolsonaristas iriam reagir. O roteiro lembra os motivos que levaram Bolsonaro à prisão domiciliar em agosto deste ano.
Naquela ocasião, Moraes fundamentou a decisão citando "provas inequívocas" de que o ex-presidente descumpria a proibição de contato político e uso de redes sociais, utilizando os perfis dos filhos para driblar as restrições.
O episódio central foi a divulgação, por Flávio, de uma imagem em que Bolsonaro aparecia enviando uma mensagem de áudio aos manifestantes reunidos em Copacabana, no Rio de Janeiro. À época, a publicação foi apagada pelo senador após a repercussão, numa tentativa de "omitir a transgressão legal", segundo descreveu Moraes na época.
Na decisão de agosto, o ministro foi duro ao classificar a ação como "participação dissimulada":
"O flagrante desrespeito às medidas cautelares foi tão óbvio que, repita-se, o próprio filho do réu, o senador Flávio Nantes Bolsonaro, decidiu remover a postagem realizada em seu perfil", escreveu Moraes no despacho anterior.
Na decisão de agosto, Moraes reforçou a tese de que havia uma "atuação coordenada" do clã Bolsonaro para desafiar o Judiciário. Além de Flávio, condutas de outros aliados foram citadas no histórico do processo.
Em agosto, o ministro destacou uma videochamada realizada entre Bolsonaro e o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) durante um ato em Belo Horizonte, onde o parlamentar exibiu o celular ao público afirmando: "Bolsonaro não pode falar, mas pode ver".
O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também foram citados por impulsionarem mensagens do pai ou ataques à Corte, mesmo cientes das restrições impostas.
