Proibir celular nas escolas melhora desempenho, mas apenas restrição não é suficiente
Primeira cidade a proibir o uso de celulares nas escolas, o Rio de Janeiro sentiu os efeitos. O subsecretário executivo da Secretaria Municipal de Educação do Rio, Antoine Lousão, explica:
“Esse ano, a gente fez uma pesquisa em parceria com a Universidade de Stanford que mostrou que você obtém cerca de 25% a mais de aprendizagem em matemática e 14% a mais em português por parte dos alunos. E, sim, resultado na sociabilidade, com a proibição no recreio, inclusive, reduz briga na escola, bullying, onde muitas vezes o celular servia de instrumento para veicular essas práticas”.
Já a professora especialista em Educação inovadora e Políticas Públicas Débora Garofalo diz que os resultados são bons, mas que só a restrição não é suficiente:
“A medida vale para apoiar o professor dentro da sala de aula, mas ela não pode terminar aí. A gente precisa garantir conectividade, infraestrutura, reduzir desigualdades sociais que hoje ainda tem, com abismo digital, mas principalmente formar professores. Nós, professores, não fomos formados para trabalhar com tecnologia. Então, é essencial que os nossos professores passem por capacitações, mas mais do que isso, que a gente possa reinventar o ensino.”
Segundo a pesquisa Tic BR divulgada este mês, a taxa de acesso à internet nas classes A e B fica entre 95% e 99%. Na classe C, cai para cerca de 86% dos lares conectados, e, na D e E, cai mais ainda: 73% têm acesso à internet — ou seja, um quarto dessa população ainda está desconectado.
O uso de celular nas escolas foi um dos temas analisados na primeira edição do projeto Voices, realizado na última quarta-feira no Rio de Janeiro. O encontro promoveu workshops, debates e análises sobre as principais tendências dos segmentos de tecnologia, inovação e empreendedorismo em escala global.
