Primeira-ministra do Japão muda o tom e diz que país deseja boa relação com a China, mas reitera posição sobre Taiwan

 

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A primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, afirmou nesta sexta-feira que deseja manter uma relação “construtiva” com a China, embora tenha reforçado que a posição de seu país sobre Taiwan permanece “inalterada” em meio às tensões envolvendo o apoio japonês diante de um eventual ataque à ilha. Segundo ela, não houve mudança na avaliação do Japão sobre como responder a um cenário que ameace a segurança do país.

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Takaichi tornou-se, no mês passado, a primeira líder japonesa em décadas a vincular publicamente uma crise envolvendo Taiwan à eventual participação militar do Japão. A fala provocou forte reação da China, que convocou o embaixador japonês, adotou retaliações econômicas, orientou turistas a evitarem o arquipélago e suspendeu medidas para retomar importações de frutos do mar japoneses, além de paralisar aprovações para novos filmes do país.

Diante da pressão, Takaichi passou a repetir a formulação usada por primeiros-ministros anteriores, afirmando que, em uma situação que ameace a sobrevivência nacional, o governo faria “uma avaliação abrangente com base em todas as informações disponíveis”, considerando as circunstâncias específicas de cada caso.

Enquanto autoridades, mídia estatal e diplomatas chineses empreenderam uma intensa campanha para pressioná-la a retirar suas declarações, porém, Takaichi e seus principais assessores têm buscado reduzir as tensões e seguir em frente. Até agora, essa estratégia tem tido pouco sucesso, com Pequim insistindo para que o Japão “corrija imediatamente” o que classificou como comentários equivocados. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, afirmou que, caso não haja retratação, a China tomará “contramedidas severas”.

Desafio diplomático

O impasse tornou-se o primeiro grande desafio diplomático de Takaichi desde que assumiu o cargo. Em meio à disputa, o Ministério da Defesa anunciou que o titular da pasta, Shinjiro Koizumi, visitará bases militares nas ilhas de Okinawa entre 22 e 23 de novembro, incluindo Yonaguni — localizada a cerca de 100 quilômetros de Taiwan, mais próxima da ilha do que do território continental japonês.

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Takaichi também afirma desejar melhorar as relações bilaterais após ter se reunido com o presidente Xi Jinping durante a cúpula da APEC, realizada na Coreia do Sul no mês passado. Segundo ela, ambos concordaram em avançar de maneira abrangente na relação estratégica e mutuamente benéfica entre os dois países, além de construir um vínculo “construtivo e estável”.

— No fim do mês passado, o presidente Xi (Jinping) e eu confirmamos a direção geral de avançar de maneira abrangente em nossa relação estratégica e mutuamente benéfica, e de construir uma relação construtiva e estável — disse Takaichi a jornalistas nesta sexta-feira, antes de embarcar para a reunião do G-20 na África do Sul. — Não houve absolutamente nenhuma mudança nessa posição.

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A China será representada no G-20 pelo premier Li Qiang, mas não há previsão de encontro entre ele e Takaichi durante o evento. Um diálogo recente entre diplomatas japoneses e chineses também não contribuiu para aliviar as tensões, com Pequim expressando insatisfação com o resultado. (Com Bloomberg e AFP)