
Presidente da COP30 vê como 'decepcionante' atraso na entrega de metas climáticas: 'Países importantes não apresentaram'

O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, avaliou como como “decepcionante” o atraso dos países signatários do Acordo de Paris na entrega das chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). Como mostrou o GLOBO, o prazo de entrega das revisões das metas climáticas foi encerrado em setembro com metade da adesão registrada em 2021, quando ocorreu a rodada anterior de apresentação da atualização.
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— Sim, tem uma decepção. Importantes países não apresentaram — disse Corrêa do Lago a jornalistas nesta tarde, após evento em que setores apresentaram metas de descarbonização.
Apenas as NDCs encaminhadas até esta data limite delimitada pelo secretariado da Convenção do Clima (UNFCCC) estarão no relatório-síntese da ONU, cujo objetivo é destaca os principais achados, progressos e recomendações para o evento. As metas apresentadas de outubro até a COP30, portanto, não estarão presentes no documento, mas podem auxiliar as negociações.
O presidente da COP disse que 101 países estão prestes a entregar os documentos e alegou que as nações demonstram que estão “levando a sério o Acordo de Paris”.
— O relatório-síntese precisa dos números das principais economias. A China está apresentando, mas a União Europeia ainda está num debate interno, e espera-se que, no dia 24 de outubro, eles possam apresentar. Índia, México, ainda não apresentaram.
Também no evento, Corrêa do Lago foi questionado sobre o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). O embaixador afirmou que é possível que o mecanismo não em operação COP 30, que será iniciada no dia 10 de novembro em Belém.
— Fechado até a COP acredito que não, os relatórios não estão prontos para que países formalmente a consigam entrar — disse o presidente da COP30, que explicou que o fundo "depende ainda de análises de certificadoras e classificadoras”.
A ausência, até o momento, das NDCs da União Europeia — que indicou que entregará as metas até o início da COP — e da Índia, além da saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, cuja meta é manter o aquecimento em até 1,5ºC em comparação aos níveis pré-industriais, preocupa ambientalistas. A avaliação é que o cenário torna mais imprevisível o entendimento do quão ousadas podem ser as negociações e traz entraves para a captação de financiamento para a conservação da natureza.