Prazo legal para divulgação de arquivos do caso Epstein expira nesta sexta
O governo dos Estados Unidos deve finalmente tornar públicos, nesta sexta-feira, os documentos oficiais sobre o caso Jeffrey Epstein — um escândalo que abalou o país e envolve acusações de exploração sexual, nomes influentes e suspeitas de acobertamento. A divulgação ocorre após resistência da Casa Branca e forte pressão do Congresso. E o prazo para a divulgação desses documentos termina hoje.
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Donald Trump havia prometido durante a campanha de 2024 revelar os arquivos ligados ao financista, mas, já de volta à Presidência, tentou esfriar o tema e pediu a seus apoiadores que “deixassem isso para trás”. Agora, o governo se prepara para cumprir a determinação. Hakeem Jeffries, líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, alertou que, caso não aconteça a divulgação, uma reação “forte” também virá por parte dos republicanos.
— Esperamos que o governo cumpra — declarou ele.
Para o público e as vítimas, a divulgação de todo o dossiê representa a melhor oportunidade para esclarecer o escândalo. Trump, ao tentar fazer com que seus apoiadores esqueçam o assunto, chamou de "farsa" exagerada pela oposição democrata. No entanto, não conseguiu impedir o Congresso de aprovar a Lei de Transparência dos Arquivos Epstein e teve que sancioná-la em 19 de novembro — a qual colocou em uma norma 30 dias corridos para o prazo da divulgação, que deverá ser hoje.
Jeffrey Epstein era um financista de Nova York, condenado em 2008 por aliciar menores para prostituição. Em 2019, foi encontrado enforcado na prisão, antes do início de outro julgamento por crimes sexuais. Sua morte alimentou inúmeras teorias da conspiração de que ele teria sido assassinado para proteger figuras proeminentes.
Documentos e fotos expõem os “amigos” de Epstein
A lei exige que o Departamento da Justiça divulgue todos os documentos não classificados em sua posse referentes a Epstein, sua cúmplice Ghislaine Maxwell, que cumpre pena de 20 anos de prisão, e todos os indivíduos envolvidos nos processos judiciais.
Em julho, o Departamento da Justiça e o FBI anunciaram em um memorando que não haviam descoberto nenhuma evidência recente que justificasse a divulgação de documentos adicionais ou novas acusações criminais. O anúncio irritou o movimento MAGA (“Make America Great Again”) de Trump.
Os documentos esperados poderiam constranger diversas figuras que gravitavam em torno do financista, principalmente nos mundos dos negócios, da política e do entretenimento. Isso inclui Trump, que foi próximo de Jeffrey Epstein por muito tempo até seu distanciamento na década de 2000. O magnata, na época, também era uma figura proeminente na alta sociedade nova-iorquina. Porém, sempre negou ter conhecimento do comportamento criminoso de Epstein e afirma que se distanciou dele muito antes do início da investigação.
Na semana passada, congressistas da oposição divulgaram uma nova série de fotos que mostram Epstein na companhia do ex-presidente democrata Bill Clinton, de empresários de sucesso como Bill Gates e Richard Branson, e do cineasta Woody Allen. Trump também aparece, acompanhado por mulheres com os rostos cobertos.
— É hora de o Departamento da Justiça tornar o dossiê público — enfatizaram os congressistas na quinta-feira.
A Casa Branca afirmou na semana passada que "o governo Trump fez mais pelas vítimas de Epstein do que os democratas jamais fizeram, ao divulgar milhares de páginas de documentos e pedir novas investigações sobre os amigos democratas de Epstein". A oposição, por sua vez, teme uma possível manipulação dos arquivos antes de sua divulgação.
Dois senadores democratas pediram, em uma carta aberta ao inspetor-geral do Departamento da Justiça, uma "auditoria independente" para garantir que nada tenha sido "manipulado ou ocultado".
