
Por que um equinócio não é exatamente quando dia e noite duram as mesmas horas?

Nos meses de março e setembro temos o início do outono e da primavera, respectivamente, no Hemisfério Sul — e da primavera e do outono, respectivamente, no Hemisfério Norte — em um fenômeno conhecido astronomicamente como equinócio. Provavelmente você já ouviu falar que, nesse evento, dia e noite têm a mesma duração, mas isso não ocorre exatamente assim. Quando começa a primavera? 10 doenças mais comuns na primavera É VERDADE que Lāhainā Noon deixa o Havaí sem sombras — mas também acontece aqui A palavra equinócio vem do latim aequus (igual) e nox/noctis (noite), e a interpretação dessa etimologia é um dos fatores que pode gerar a ideia de dias e noites com a mesma duração. Na realidade, a chegada da primavera ou do outono está diretamente relacionada à posição do Sol em relação ao equador terrestre. Já a ocorrência de dias e noites com a mesma duração tem outra denominação dentro da astronomia: equilux. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- Equinócios e a posição do Sol em relação à Terra Os equinócios acontecem quando o Sol incide diretamente sobre o equador terrestre. Eles ocorrem duas vezes por ano: quando a estrela passa do Hemisfério Norte para o Hemisfério Sul e quando passa do Sul para o Norte. De acordo com Roberto Costa, professor do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, a combinação de dois efeitos impede que os equinócios representem dia e noite com as mesmas horas de duração. “Um deles é a refração atmosférica. Quando o Sol está próximo do horizonte, a atmosfera atua como uma lente e, na prática, veremos o Sol nascer alguns minutos antes de ele estar realmente acima do horizonte por causa dessa distorção. O mesmo ocorre no oeste, quando o Sol desaparece alguns minutos mais tarde do que deveria pelo mesmo efeito”, explica o docente. O professor acrescenta que o segundo efeito está na maneira como observamos o nascer e o pôr do Sol. Isso porque, enquanto o equinócio é definido em relação ao centro da estrela, nossa observação considera suas bordas. Ou seja, quando o Sol nasce a leste, a claridade surge alguns minutos antes de o centro aparecer no horizonte, e o mesmo acontece a oeste, quando a estrela ainda é visível mesmo após o centro já ter se posto. Equinócios acontecem duas vezes ao ano, em março e setembro (NASA/GSFC/Genna Duberstein) Equilux e mesma duração de dia e noite O fato de dia e noite não terem a mesma duração exatamente no equinócio não significa que não haja um momento em que as áreas escura e iluminada do globo sejam iguais — mas esse fenômeno é conhecido como equilux. “Devido à combinação desses efeitos relacionados ao equinócio, o equilux ocorrerá sempre alguns dias depois do equinócio do outono e alguns dias antes do equinócio da primavera”, explica o professor da USP. Logo, enquanto o equinócio se refere à posição do Sol em relação ao equador da Terra, o equilux é o fenômeno que efetivamente marca a igualdade entre as horas de duração do dia e da noite. Como a latitude influencia nossa percepção Outro fator que interfere na percepção dos equinócios e na variação da duração do dia e da noite ao longo do ano é a latitude. Roberto Costa ressalta que, quanto mais distante do equador estiver o observador, maior será essa diferença. “Um observador próximo ao equador, como no norte da Amazônia ou no Nordeste, verá uma variação muito pequena no período iluminado do dia ao longo do ano. Já quem está no Sudeste ou no Sul perceberá diferenças bem mais marcantes, com dias claros mais curtos e noites longas no inverno, e o contrário no verão”, conclui o docente. Leia mais: Quantas vezes o Sol é maior que a Terra? O que vai acontecer com a Terra quando o Sol morrer? Por que a Terra não gira exatamente em torno do Sol? VÍDEO | LUA ESTÁ ENFERRUJANDO? Leia a matéria no Canaltech.