Por que pouso e decolagem são as fases lá mais arriscadas de um voo?

 

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Não é de hoje que os aviões são considerados o meio de transporte mais seguro — tanto que um estudo do Instituto Massachusetts de Tecnologia publicado em 2024 mostrou que o risco de uma fatalidade ocorrer em um voo comercial cai a cada ano e que, entre 2018 e 2022, era de 1 a cada 13,7 milhões de passageiros. Mesmo assim, há algumas etapas consideradas as de maior risco nos voos, e talvez não sejam as que você imagina.  O que realmente faz um avião voar? A ciência por trás da aerodinâmica Os 5 maiores aviões de passageiros do mundo Uma análise detalhada conduzida pela Boeing sobre acidentes fatais com aviões comerciais revelou que o risco não é distribuído de forma homogênea ao longo da viagem; na verdade, a análise da fabricante revelou que a maioria dos acidentes fatais ocorre na decolagem, subida, descida e no pouso.  Pode parecer estranho, afinal, estas são as etapas mais curtas dos voos. Então, o que as torna tão perigosas?   -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- Desafio da baixa altitude  A concentração de acidentes nas fases iniciais e finais está diretamente ligada à baixa altitude e baixa velocidade da aeronave. Para entender melhor, pense em um avião voando na chamada altitude de cruzeiro, a mais de 10 km: ali, o piloto tem tempo e espaço suficientes para realizar qualquer correção necessária.  A decolagem é uma etapa crítica nos voos (KASONGO BULOBO/Unsplash) Aliás, o avião não despencaria do céu nem mesmo se ambos os motores falhassem. Neste caso, o piloto poderia seguir com a aeronave planando por cerca de oito minutos até encontrar um local seguro para pousar. É aqui que está o problema: se algo do tipo acontece quando o avião está perto do solo, esta janela de tempo diminui. E muito.  Os aviões comerciais levam, em média, entre 30 e 35 segundos para decolar. Isso significa que, se uma falha crítica ocorrer, a tripulação tem uma janela curtíssima para decidir se deve ou não abortar a decolagem — o tempo para desistir da decolagem é tão curto que, dependendo da velocidade do avião, não é mais possível pará-lo.  Treinamento e atenção Na aviação, a decolagem e o pouso são levados tão a sério que os pilotos são treinados à exaustão para aprenderem a reagir corretamente se algo acontecer nestas etapas. Aliás, a FAA, agência regulatória de voos nos Estados Unidos, proíbe qualquer tipo de comunicação ou atividade não essencial no cockpit se o avião estiver a menos de 3 km de altitude.  Anthony Brickhouse, professor associado do Colégio de Aviação na Universidade Aeronáutica Embry-Riddle, observa que, durante a desaceleração para o pouso, a baixa velocidade torna-se crítica: qualquer vento mais forte ou algum outro evento imprevisto tem um efeito bem diferente daquele que aconteceria durante a decolagem.  "A decisão de rejeitar uma decolagem é muito intensa, porque você precisa tomá-la abaixo de uma determinada velocidade, caso contrário, pela física, você não vai conseguir parar", acrescentou ele.  E o pouso também (Karen Kasparov/Unsplash) Mesmo assim, vale lembrar que, se os acidentes aéreos têm parecido ocorrer com mais frequência, é porque a categoria da aviação geral tem mais aeronaves — incluindo aviões de pequeno porte, privados e usados para fins recreativos.   Leia também: Avião supersônico mais rápido do mundo voará a 5.000 km/h  Qual é o maior avião do mundo? Vídeo: Aviões que são à prova de radar   Leia a matéria no Canaltech.