Plano de Trump: o que deve ser debatido entre Ucrânia, Estados Unidos e conselhos de segurança no encontro deste domingo

 

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Enviados da Ucrânia e dos Estados Unidos se reunirão no domingo (22) na Suíça junto com conselhos de segurança europeus para discutir o plano de Washington para poder terminar a guerra contra a Rússia, criticada como uma "lista de desejos" de Moscou.

O presidente norte-americano, Donald Trump, disse à Ucrânia menos de uma semana para aprovar a proposta de 28 pontos que obrigaria Kiev a ceder territórios à Rússia, reduzir seu exército e se comprometer a não entrar na OTAN.

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Aprovado pelo líder russo, Vladimir Putin, o plano foi rejeitado pelo mandatário ucraniano, Volodimir Zelenski, que buscou "alternativas" com Washington.

— O conselheiro do presidente francês irá trabalhar em Genebra com seus colegas da E3 — disseram Alemanha, França e Reino Unido sobre dialogar com representantes dos Estados Unidos e da Ucrânia.

Já um representante dos Estados Unidos confirmou à AFP a presença no domingo em Genebra do chefe da diplomacia estadounidense, Marco Rubio, e do emisário diplomático de Trump, Steve Witkoff.

— Nossos representantes sabem como defender os interesses nacionais da Ucrânia e o que é necessário para evitar que a Rússia lance uma terceira invasão — afirmou Zelenski.

Trump deu a Kiev até 27 de novembro para responder à sua proposta. O plano "ele terá que gostar, e se não gostar, então, sabe, eles terão que continuar lutando", declarou o dirigente estadounidense.

Putin considerou que o texto poderia servir "como base para uma solução definitiva" do conflito iniciado em 2022 e foi discutido "com profundidade todos os detalhes". No caso de rejeição por parte de Kiev, ele ameaçou continuar as conquistas territoriais.

Antes da dupla pressão de EUA e Rússia, Zelenski também iniciou consultas com seus principais aliados na Europa, muitos deles reunidos neste fim de semana da cúpula do G20 na África do Sul.

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Num comunicado conjunto, os líderes dos países europeus, assim como o Japão e o Canadá, afirmaram que o plano de Washington "é uma base que exigirá trabalho adicional".

— Somos claros no princípio de que as fronteiras não devem ser alteradas pela força. Também nos preocupamos com as limitações propostas às forças armadas da Ucrânia, que deixariam o país vulnerável a futuros ataques — afirmaram.

O presidente francês, Emmanuel Macron, apresentou uma reclamação de paz "forte e duradoura" e insistiu que um acordo deveria "ter em conta a segurança de todos os europeus".

Lista de desejos da Rússia

Os senadores norte-americanos declararam no sábado (22) que o plano é "uma lista de desejos da Rússia", e que o próprio secretário Rubio o reconheceu. No entanto, Rubio negou essa versão.

— A proposta de paz foi redigida pelos Estados Unidos — escreveu Rubio no X no sábado à noite. — Se oferece como um marco sólido para as negociações em curso. Está baseado nos esportes do lado russo. Mas também se baseia nos esportes anteriores e atuais da Ucrânia.

Zelenski reconheceu que seu país vive "um dos momentos mais difíceis da (sua) história". —Poderíamos enfrentar uma eleição muito difícil: a perda de dignidade ou o risco de perder um parceiro-chave — afirmaram os Estados Unidos.

Segundo o texto norte-americano, as regiões orientais de Donetsk e Lugansk, assim como a Crimeia, anexadas em 2014, seriam "reconhecidas como território russo". Isso implicaria que Moscou ganharia territórios ucranianos que ainda hoje estão sob o controle de Kiev.

A Rússia também veria o fim de seu isolamento do Ocidente com sua reintegração ao G8 e o aumento gradual das sanções, assim como seu desejo de afastar para sempre Kiev da Aliança Atlântica, algo que deveria ser inscrito na Constituição Ucraniana.

A Ucrânia teria que limitar seu exército a 600.000 militares e a se conformar com uma proteção de aviões de combate europeus baseados na Polônia, enquanto a OTAN se comprometeu a não estacionar tropas no território ucraniano.

Embora elaborado pelos Estados Unidos, o plano inclui garantias de segurança por parte de Washington e seus aliados europeus equivalentes aos da OTAN no caso de um futuro ataque.