
Plano de Trump cita retirada gradual do Exército de Israel de Gaza, mas não fixa prazo para liberação total; veja mapa

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta terça-feira que as tropas israelenses permanecerão no controle da maior parte da Faixa de Gaza enquanto os reféns em posse do grupo terrorista Hamas estiverem sendo soltos, como parte do plano de paz apresentado pelo presidente americano, Donald Trump, na véspera. A declaração do premier israelenses ocorre em um momento em que o acordo para a saída dos militares do enclave é alvo de críticas por parte da extrema direita israelense, que rejeita o acordo proposto pelo republicano. O plano divulgado pela Casa Branca cita uma retirada total dos militares do território — algo a que Netanyahu não se referiu diretamente —, embora não estabeleça um prazo para tal.
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— Foi uma visita histórica. Em vez de o Hamas nos levar ao isolamento, viramos o jogo e isolamos o Hamas. Agora, o mundo inteiro, incluindo o mundo árabe e muçulmano, está pressionando o Hamas a aceitar as condições que estabelecemos em conjunto com o presidente Trump: libertar todos os nossos sequestrados, vivos e mortos, enquanto as Forças de Defesa de Israel (FDI) permanecem na maior parte do território [palestino] — disse Netanyahu em um vídeo divulgado na madrugada desta terça, por meio do qual afirmou que não havia concordado com nenhum Estado palestino.
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A proposta-ultimato apresentada por Trump em uma coletiva de imprensa ao lado de Netanyahu, fala em uma retirada gradual das Forças Armadas de Israel do enclave palestino, à medida que certos marcos do plano de "desradicalização" e "reestruturação" de Gaza são atingidos. Em uma publicação na rede social X, os americanos divulgaram uma ilustração do mapa do território palestino, com a marcação de linhas que corresponderiam ao recuo das tropas israelenses em cada fase.
Embora o mapa não corresponda com exatidão às fronteiras do enclave, uma análise realizada pela rede britânica BBC estimou o percentual do território que permaneceria sob ocupação israelense a cada fase implementada. O primeiro recuo aconteceria imediatamente após o aceite das duas partes, quando em um prazo de 72 horas deveria acontecer a libertação de todos os reféns capturados pelo Hamas, os vivos e os mortos.
"Se ambas as partes concordarem com esta proposta, a guerra terminará imediatamente. As forças israelenses se retirarão para a linha acordada a fim de se prepararem para a liberação dos reféns. Durante esse período, todas as operações militares, incluindo bombardeios aéreos e de artilharia, serão suspensas, e as linhas de combate permanecerão congeladas até que sejam cumpridas as condições para a retirada completa em etapas", diz um dos pontos iniciais do acordo.
De acordo com o levantamento da BBC, com a retirada inicial apontada no mapa pela Casa Branca, cerca de 55% do território palestino permaneceria como área de operações israelenses — embora o texto também preveja a suspensão dos combates enquanto as condições para que a "retirada completa" sejam atendidas.
Proposta de retirada das Forças Armadas de Israel da Faixa de Casa, sob termos do plano de Trump
Arte/O GLOBO
O marco seguinte a ser alcançado para um novo recuo militar israelense, segundo a proposta dos EUA, seria a implantação de uma Força Internacional de Estabilização temporária (ISF, na sigla em inglês) em Gaza, liderada por Washington e com a colaboração de "parceiros árabes e internacionais". A força teria entre suas atribuições treinar e dar suporte "às forças policiais palestinas previamente avaliadas em Gaza", e trabalhar com Israel e Egito para "ajudar a garantir a segurança das áreas de fronteira".
O recuo deve ocorrer quando as forças "forem mobilizadas nos padrões do plano de Trump". Ainda de acordo com a análise publicada pela BBC, cerca de 40% do território palestino continuaria ocupado por forças israelenses neste momento.
A terceira e última etapa de retirada apontada no mapa divulgado pela Casa Branca manteria uma área equivalente a 15% do território do enclave como uma "zona-tampão", chamada no texto de "perímetro de segurança", entre as fronteiras de Gaza com Israel e Egito. Os termos do acordo indicam que este recuo final vai ocorrer "progressivamente", com o Exército de Israel entregando o controle das áreas à ISF.
O perímetro de segurança permanecerá "até que Gaza esteja devidamente protegida contra qualquer ameaça terrorista ressurgente", diz um dos pontos da proposta americana, sem especificar quem irá ser o responsável por reavaliar o quadro de segurança.
Ao deixar a Casa Branca na manhã desta terça-feira, Trump afirmou que o Hamas tinha "três ou quatro dias" para responder à oferta de paz — que ganhou contornos de ultimato, com o presidente americano dizendo que endossaria qualquer ação de Israel se a atual negociação falhasse.
Líderes políticos do Hamas estão reunidos no Catar para avaliar o termo, embora relatos divergentes indiquem que ainda não há um posicionamento majoritário no grupo. Enquanto isso, os combates em Gaza continuam, com ao menos 43 mortos desde o amanhecer, segundo fontes palestinas.