Nos EUA, igrejas usam presépios para protestar contra as políticas de imigração de Donald Trump
Igrejas nos estados americanos do Texas, Illinois e Massachusetts montaram presépios como protesto contra as políticas anti-imigração de Donald Trump, ao mesmo tempo em que o Serviço de Imigração (ICE) reconheceu que está mantendo crianças por um período maior do que o permitido por lei. As congregações dos três estados decidiram converter seus presépios de Natal em protestos públicos, retratando cenas de detenções do ICE.
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Uma igreja em Chicago colocou o recém-nascido Menino Jesus algemado e coberto com papel-alumínio, como nos centros de detenção migratória, e uma Virgem Maria usando máscara contra gás lacrimogêneo.
— Se Jesus tivesse nascido nos Estados Unidos agora, como seria sua manjedoura? — questionaram líderes da Igreja Batista em Evanston, cidade vizinha a Chicago.
Segundo a ministra associada Jillian Westerfield, a ideia surgiu ao relacionar a perseguição enfrentada pela Sagrada Família com a situação atual de famílias imigrantes nos EUA.
— Começamos a conversar sobre como iríamos representar o que estava acontecendo, em conexão com a história sagrada. Uma família de imigrantes que teve que fugir quando foi perseguida pelo Rei Herodes. Vimos paralelos — explica a ministra à EFE.
Com isso, Westerfield esclareceu que a ideia era reinventar o presépio como uma representação de uma separação familiar forçada, fazendo uma comparação entre a fuga bíblica para o Egito e as detenções migratórias atuais.
No Texas, a igreja metodista Oaklawn, em Dallas, deixou Maria e José fora do santuário. No lugar da cena tradicional, colocou uma grade metálica, arame farpado e um cartaz escrito “ICE esteve aqui”, ao lado de um presépio vazio, sem o Menino Jesus.
Em Dedham, Massachusetts, uma igreja católica apresentou um presépio que não incluía a Sagrada Família. Um aviso indicava que as figuras tinham sido retidas pela imigração. A Arquidiocese de Boston afirmou que não deu permissão para a intervenção e destacou que itens sagrados devem ser utilizados somente para fomentar a devoção.
ICE admite prisão prolongada de crianças
Enquanto isso, o ICE reconheceu que centenas de crianças imigrantes nos Estados Unidos foram mantidas sob custódia por um período maior do que o permitido legalmente durante o período do verão no país — oficialmente de junho a setembro.
Um relatório de 1 de dezembro escrito pelo ICE revelou que aproximadamente 400 crianças imigrantes foram mantidas em detenção por um período superior ao limite máximo de 20 dias, entre os meses de agosto e setembro. Além disso, a agência comunicou ao tribunal que a questão era abrangente, não se limitando a uma área ou instalação específica.
Os principais fatores que dificultaram a liberação das crianças foram classificados em três categorias: atrasos no transporte, demandas médicas e trâmites legais. Os advogados de defesa das crianças alegaram que esses motivos não são justificativas legais para os atrasos.
