Netanyahu condena violência de 'extremistas' após ataques de colonos israelenses a palestinos na Cisjordânia
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, condenou nesta segunda-feira a violência de um “punhado de extremistas” entre os colonos israelenses na Cisjordânia ocupada, após confrontos e ataques na região. Casas e veículos foram incendiados e vandalizados em uma vila palestina no território, depois que manifestantes entraram em confronto com as forças de segurança que desmantelavam um posto ilegal de colonos na mesma área.
Contexto: Colonos israelenses incendeiam e picham mesquita em novo ataque contra palestinos na Cisjordânia
Veja: Israel aprova plano de colonização da Cisjordânia que inviabiliza criação de Estado palestino
— Vejo com grande severidade os violentos distúrbios e a tentativa de um punhado de extremistas de fazer justiça com as próprias mãos — disse Netanyahu, chamando os perpetradores de “um grupo que não representa” os colonos israelenses por lá.
Initial plugin text
Colonos israelenses incendiaram e picharam uma mesquita na quinta-feira, em meio a uma série de ataques contra palestinos na região. O Ministério de Awqaf e Assuntos Religiosos afirmou que colonos atacaram a Mesquita Hajjah Hamidah, em Salfit, no norte da Cisjordânia, classificando o ato como um "crime hediondo e um ataque flagrante aos sentimentos dos muçulmanos".
“O ataque resultou em partes da mesquita incendiadas e depredadas com grafites racistas por gangues de colonos, que realizam ataques diários a locais sagrados islâmicos e propriedades de cidadãos, em meio a uma escalada sistemática tanto na frequência quanto na natureza dessas violações”, afirmou o comunicado do ministério, enviado à rede americana CNN.
Imagens divulgadas pelo ministério mostram inscrições em hebraico na parte externa da mesquita, dizendo: “Maomé é um porco”, uma referência ao profeta do Islã, e “Não tenho medo de Avi Bluth”. Bluth é o comandante das Forças Armadas de Israel (IDF, na sigla em inglês) na Cisjordânia, que emitiu um comunicado na quarta-feira condenando os ataques dos colonos e chamando os perpetradores de “jovens anarquistas radicais”.
As imagens, segundo a CNN, também mostravam partes do interior da mesquita danificadas pelo fogo, com uma pilha de destroços carbonizados espalhados pelo chão. As paredes aparecem enegrecidas pela fumaça e marcas de calor, e os vidros das janelas quebrados.
Também procurado pela rede americana, o Ministério das Relações Exteriores da Palestina denunciou o ataque, afirmando que "responsabiliza total e diretamente o governo israelense por este crime e suas consequências".
Em comunicado, as IDF reconheceram o ataque, afirmando que enviaram tropas ao local para "analisar o incidente e realizar buscas", e transferiram o caso para a Polícia de Israel para prosseguimento das investigações. O Exército afirmou que "nenhum suspeito foi identificado".
Cerca de 700 mil colonos judeus vivem na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, território que os palestinos reivindicam para um futuro Estado. Os assentamentos israelenses nos territórios ocupados são considerados ilegais segundo o direito internacional.
Número recorde de ataques de colonos
Os ataques de colonos contra palestinos e suas propriedades aumentaram drasticamente este ano, especialmente durante a época da colheita de azeitonas, em outubro e novembro. Um relatório da ONU, divulgado na semana passada, constatou que colonos israelenses realizaram pelo menos 264 ataques em outubro, o maior número desde que a organização começou a monitorar esses incidentes, em 2006.
Na última terça-feira, dezenas de colonos israelenses lançaram um grande ataque incendiário contra uma área agrícola na vila de Beit Lid, no norte da Cisjordânia, ateando fogo a uma nova fábrica de laticínios e em veículos e tendas em uma comunidade beduína próxima.
Entenda: Família de americano-palestino morto por colonos israelenses na Cisjordânia exige investigação dos EUA
Imagens obtidas pela CNN mostraram os colonos despejando gasolina em carros e caminhões antes de atear fogo nos veículos. O vídeo mostrava a fumaça tomando conta da área, com mulheres palestinas chorando enquanto homens carregavam extintores e baldes de água numa corrida para apagar o fogo.
Na comunidade beduína vizinha de Deir Sharaf, moradores disseram à CNN que, pelo menos, quatro palestinos ficaram feridos e precisaram de hospitalização após o ataque. Eles relataram que colonos os espancaram e mataram quatro de suas ovelhas. Nabil Dueis, de 15 anos, estava cuidando de seu gado quando os colonos invadiram a área.
— Foi aterrador, especialmente para as mulheres e as crianças. Eu estava indefeso contra 100 deles. Precisamos de proteção do Estado — disse ele à CNN.
Inicialmente, a polícia israelense afirmou ter detido quatro suspeitos para interrogatório após o que classificou como "extrema violência" no local. No entanto, na noite de quarta-feira, a polícia informou ter liberado três dos suspeitos.
Leia também: Israel tenta conter motim de colonos contra militares em meio a aumento da violência contra palestinos na Cisjordânia
O Ministério das Relações Exteriores palestino afirmou que a série de ataques "confirma o crescente terrorismo e os crimes dos colonos, perpetrados com o apoio direto do governo de ocupação, como parte de uma política sistemática e generalizada destinada a minar os direitos do povo palestino".
