
Nariz eletrônico | Brasil já tem teste rápido que identifica bebida com metanol

Diante da onda de casos de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas adulteradas no Brasil, pesquisadores desenvolveram um nariz eletrônico capaz de identificar a presença da substância em bebidas alcoólicas. Facebook dá fim a grupo com 11 mil que vendia de garrafas para bebida adulterada Mercado Livre restringe venda de destilados após casos de metanol 5 perigos que o uso do metanol causa ao carro (e à sua saúde) O sistema foi criado por cientistas do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e, com uma única gota, o equipamento consegue detectar odores diferentes em relação à bebida original. “O nariz eletrônico transforma aromas em dados. Esses dados alimentam a inteligência artificial, que aprende a reconhecer a assinatura do cheiro de cada amostra”, explica Leandro Almeida, professor do Centro de Informática. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- Os pesquisadores apresentam amostras de bebidas originais para treinar a máquina a reconhecê-las. Depois, são inseridas amostras adulteradas, para que o sistema aprenda a diferenciá-las. Segundo os especialistas da UFPE, o equipamento realiza a leitura dos aromas em até 60 segundos, com uma precisão de cerca de 98%. Nariz eletrônico identifica bebidas adulteradas com precisão de 98% (Divulgação/UFPE) Sistema identifica outras adulterações Segundo o docente, a pesquisa relacionada ao desenvolvimento da tecnologia teve como foco inicial o setor de petróleo e gás, com o objetivo de avaliar o odorizante do gás natural — o cheiro adicionado ao gás de cozinha para detectar vazamentos. Além do gás e agora do metanol, o nariz eletrônico desenvolvido pela universidade também pode identificar adulterações em alimentos. O mecanismo ainda pode ser utilizado em ambientes hospitalares para detectar, pelo cheiro, a presença de micro-organismos. “Você pode falar, por exemplo, da qualidade de um café, de um pescado, de uma carne vermelha, carne branca, peixe”, ressalta Almeida. O professor destaca que a indústria de alimentos já tem utilizado tecnologias semelhantes para verificar a qualidade do óleo de soja usado na produção de margarina, por exemplo. Implantação da tecnologia para detectar metanol A versão voltada à detecção de metanol do nariz eletrônico por enquanto só foi testada em laboratório. Antes de ser comercializada, ela precisará passar por testes em ambientes reais e demandará um investimento de cerca de R$ 10 milhões. Mas o grupo de pesquisa já estuda formas de viabilizar o uso da tecnologia em bares, restaurantes e adegas. Uma das alternativas é produzir versões portáteis do equipamento, permitindo que as próprias empresas fabricantes de bebidas possam verificar se o produto oferecido nos estabelecimentos é realmente autêntico. Outra ideia dos pesquisadores é disponibilizar o equipamento para donos de bares e revendedores, por meio de totens acessíveis aos clientes. Uma versão voltada diretamente ao consumidor final também está nos planos dos especialistas. “Nós já temos o desenho de uma canetinha para o cliente final, para que ele mesmo possa consultar a sua bebida ou alimento”, destaca o docente da UFPE. Leia mais: Metanol: como um acidente em 1981 ajudou a mudar o combustível da Fórmula Indy Ciência brasileira tornou-se 21% mais relevante desde 1996 VÍDEO | CÉREBRO 3D Leia a matéria no Canaltech.