'Não descarto', diz Trump sobre possibilidade de guerra com a Venezuela após bloqueio a petroleiros

 

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira que não descarta a possibilidade de um conflito armado com a Venezuela. A declaração foi dada em entrevista por telefone à NBC News, em meio ao aumento da pressão americana sobre o governo de Nicolás Maduro, com bloqueios e apreensões de petroleiros no Caribe. Nesta sexta-feira, oito aviões militares americanos foram vistos sobrevoando a região próxima ao país sul-americano.

Oito aviões de guerra dos EUA sobrevoam Caribe próximo à Venezuela

Petróleo da Venezuela é um dos focos da campanha de Trump contra Maduro

— Não descarto essa possibilidade, não — disse Trump, ao ser questionado diretamente sobre um eventual confronto militar.

Na terça-feira, o presidente determinou um “bloqueio” a petroleiros sujeitos a sanções que entram e saem da Venezuela. Segundo o governo americano, um navio foi recentemente apreendido após ser capturado próximo à costa venezuelana. Trump indicou que novas ações do tipo estão previstas.

— Depende. Se eles forem tolos o suficiente para continuar navegando, vão acabar voltando para um dos nossos portos — afirmou.

O presidente se recusou a esclarecer se a destituição de Nicolás Maduro é seu objetivo final.

— Ele sabe exatamente o que eu quero. Ele sabe melhor do que ninguém — disse.

A admissão de Trump é considerada significativa, já que o republicano construiu sua trajetória política recente tentando se diferenciar da ala mais belicista de seu partido. Durante a campanha eleitoral de 2024, ele prometeu manter os Estados Unidos fora de novos conflitos internacionais. Em seu discurso após a vitória, afirmou que não iniciaria guerras, mas colocaria fim às existentes.

O governo americano alega que as ações no Caribe têm como alvo embarcações ligadas ao narcotráfico e acusa Caracas de usar receitas do petróleo para financiar o que chamou de “terrorismo das drogas”. Segundo dados citados por autoridades, a campanha já resultou em 28 colisões com embarcações, que teriam causado mais de 100 mortes — incluindo um caso duplo ainda sob investigação do Congresso.

Aviões vistos próximos a Venezuela

A declaração de Donald Trump ocorre um dia antes da detecção de uma movimentação incomum de aeronaves militares dos Estados Unidos no Caribe, muito próximas da costa da Venezuela e da região de Caracas. Nesta sexta-feira, plataformas de rastreamento como o Flightradar24 identificaram ao menos oito aviões militares americanos — incluindo caças F/A-18 Super Hornet, aeronaves de guerra eletrônica EA-18G Growler e sistemas de alerta aéreo antecipado E-2D Hawkeye e E-3C Sentry — sobrevoando a área.

Especialistas em defesa avaliam que esse tipo de operação aérea, envolvendo aeronaves de vigilância e comando, costuma anteceder ou acompanhar ações de pressão militar, funcionando como demonstração de força e coleta de inteligência em tempo real. O uso do E-3C Sentry, em especial, indica capacidade de monitoramento amplo do espaço aéreo e marítimo, permitindo coordenação de eventuais operações conjuntas.

A presença dessas aeronaves reforça a leitura de que o endurecimento do discurso de Trump não é apenas retórico. O sobrevoo coincidiu com o bloqueio a petroleiros venezuelanos, novas apreensões de navios e o aumento das acusações de Washington de que o governo Maduro financia o narcotráfico com recursos do petróleo. Para analistas, o movimento sinaliza uma escalada calculada, que amplia a pressão militar sem anunciar formalmente uma ação armada direta.