Mais de 100 mil câmeras residenciais foram hackeadas para criação de vídeos com conteúdo sexual na Coreia do Sul, diz polícia
A Agência Nacional de Polícia sul-coreana divulgou, nesta segunda-feira, que quatro pessoas foram presas por um ataque cibernético a 120 mil câmeras de segurança residenciais na Coreia do Sul. Segundo as autoridades, as imagens roubadas foram utilizadas para produzir vídeos de conteúdo sexual.
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Há dez anos, os sul-coreanos desconfiam de câmeras escondidas em banheiros públicos, estações de metrô e quartos de motel. O medo tem aumentado cada vez mais com a possibilidade de invasões às câmeras instaladas em suas próprias casas.
No mais recente capítulo na batalha de uma década da Coreia do Sul, a espionagem eletrônica ilícita comprometeu inúmeros dispositivos usados pelas pessoas no dia a dia, segundo as autoridades.
As imagens foram obtidas de câmeras conectadas à internet, instaladas em residências, empresas, hospitais, saunas e outros locais, originalmente para monitorar crianças ou animais de estimação. Uma das pessoas presas lucrou cerca de US$ 12.000 (cerca de R$ 64 mil, na cotação atual) com a venda das imagens para um site estrangeiro que compartilha conteúdo ilegal, enquanto a outra lucrou o dobro, diz o comunicado da polícia.
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Os hackers, que não atuaram em conjunto, conseguiram se infiltrar nos dispositivos com facilidade, uma vez que os proprietários usaram senhas vulneráveis como, por exemplo, com caracteres repetidos ou números sequenciais. Estas câmeras de segurança são usadas no mundo todo, e muitas apresentam vulnerabilidades, afirma a polícia.
Problema antigo
Em 2024, a Verkada, uma empresa de câmeras de segurança com sede na Califórnia, concordou em pagar quase US$ 3 milhões (aproximadamente R$ 15,9 milhões) em multas civis para encerrar um processo do Departamento de Justiça dos EUA referente à violação de segurança de cerca de 150 mil de suas câmeras instaladas em locais como hospitais e escolas em 2021.
Por mais de uma década, a Coreia do Sul tem enfrentado o problema de câmeras escondidas usadas para produzir vídeos sexualmente explícitos, principalmente de mulheres jovens. De 2011 a 2022, a polícia realizou quase 50 mil prisões relacionadas ao uso de câmeras para criar material sexualmente explícito.
Algumas das primeiras notícias sobre a extração de material sexualmente explícito de câmeras de segurança datam de 2017, afirmou Hakkyong Kim, professor de ciências policiais da Universidade Feminina de Sungshin, em Seul.
— Não é um crime novo e os danos só vão piorar — pondera.
Os suspeitos no caso anunciado na segunda-feira foram acusados de violar leis contra a pirataria informática, disse o chefe da Unidade de Investigação de Terrorismo Cibernético da Agência Nacional de Polícia, Kim Young-woon, em entrevista. Três suspeitos, que permanecem sob custódia, enfrentam acusações adicionais de criação ou venda de material de exploração sexual, alguns envolvendo crianças, afirmou ele. O quarto suspeito foi liberado após ser preso.
O número de vítimas é uma incógnita, disse Kim.
