Ladrões vestidos de operários fazem 'miniassalto do Louvre' e levam R$ 16 milhões em joias em Nova York

 

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Os homens vestiam coletes de alta visibilidade, como os usados por operários da construção civil. Poucos pareceram notar quando caminharam rapidamente em direção a um prédio e forçaram a entrada. Logo depois, desapareceram, cruzando a cidade em alta velocidade com milhões de dólares em joias e outros tesouros.

Mas o episódio não aconteceu em Paris — e sim nos subúrbios do Queens, em Nova York.

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Três dias antes de ladrões com coletes fluorescentes arrombarem uma janela do segundo andar do Louvre e fugirem com cerca de US$ 102 milhões (cerca de R$ 644 milhões) em joias, um grupo com disfarces semelhantes realizou uma versão em menor escala do crime no bairro de Jamaica Hills.

O assalto

Na tarde de 16 de outubro, três homens — dois deles vestidos como operários — invadiram uma residência e roubaram US$ 3,2 milhões (cerca de R$ 17 milhões) em joias e dinheiro, além de diversos objetos pessoais, antes de fugirem em um Hyundai Elantra azul, segundo a polícia.

O roubo ocorreu na casa da família de Abid Mukhtar, joalheiro dono de uma loja em Jackson Heights, também no Queens. As autoridades não confirmaram se ele e sua família eram alvos específicos, mas vizinhos acreditam que o crime foi premeditado. Moradores relataram uma série de movimentações incomuns no quarteirão nos dias anteriores ao arrombamento.

Até esta quarta-feira (29), quase duas semanas após o crime, a polícia ainda não havia efetuado prisões. Na véspera, divulgou um comunicado pedindo ajuda do público para identificar os suspeitos.

“Eles levaram tudo o que tínhamos”, disse Mukhtar, em breve entrevista por telefone.

O momento do roubo

Segundo o joalheiro, a tarde de outubro começou como qualquer outra: ele e a esposa estavam na loja, e os filhos, na escola. A casa estava vazia e a rua, silenciosa.

Por volta das 14h20, dois homens apareceram na entrada. Um vídeo de vigilância mostra ambos caminhando com determinação pela rua ensolarada, mascarados e vestidos de preto, com coletes de segurança fluorescentes e capacetes brancos.

A dupla segue em direção à casa de madeira branca de três andares, enquanto um Hyundai azul dá ré na entrada da garagem. Em seguida, os dois homens e o motorista do veículo arrombam a porta dos fundos e entram, segundo a polícia. Lá dentro, reviram cômodos, espalham roupas e objetos pessoais e, antes de sair, retiram um cofre, que colocam no carro.

De acordo com Mukhtar, o cofre guardava joias, passaportes da família, certidões de nascimento, cartões do Seguro Social e US$ 50 mil em dinheiro.

“Levaram todas as lembranças dos meus filhos. Filmes, câmera, tudo”, contou.

A família só descobriu o roubo quando a filha de Mukhtar chegou em casa, mais tarde naquele dia.

Disfarces cada vez mais comuns

Os ladrões do Queens e de Paris não foram os primeiros a recorrer a coletes de alta visibilidade para se camuflar. Criadas para tornar os trabalhadores mais perceptíveis durante o expediente, as peças se tornaram tão comuns que acabaram funcionando como disfarce perfeito.

Nos últimos anos, criminosos em Nova York têm adotado o mesmo tipo de roupa para roubar joalherias.

Na quarta-feira, vizinhos de Jamaica Hills disseram estar chocados com a audácia do crime, cometido em plena luz do dia. Muitos acreditam que Mukhtar foi alvo por ser joalheiro.

“Alguém sabia de alguma coisa”, disse Ramnarine Basdeo, de 80 anos, morador da casa em frente.

Outra vizinha, Charita Bondanza, de 54 anos, afirmou ter notado o Hyundai azul estacionado na rua por pelo menos quatro dias antes do assalto. “Eles fizeram uma avaliação prévia”, disse.

Menos de um ano antes, a loja de Mukhtar em Jackson Heights já havia sido invadida — na ocasião, os ladrões levaram cerca de US$ 800 mil em joias. Ele estava no local quando três homens mascarados quebraram as vitrines com martelos e marretas.

Mesmo enquanto assimilavam o novo crime, os moradores não deixavam de associá-lo ao roubo espetacular do outro lado do Atlântico.

“Esse é o roubo do Louvre”, disse o vizinho James Olaguibel, na quarta-feira. “Este é o roubo de Jamaica Hills.”