Israel bane por dez anos mulheres que ajudaram palestinos na colheita de azeitonas; vídeo
Duas mulheres judias-americanas foram deportadas de Israel e proibidas de retornar ao país por dez anos, após entrarem em uma zona militar fechada na Cisjordânia para ajudar agricultores palestinos na colheita de azeitonas. Elas foram detidas na quarta-feira (29) e deportadas dois dias depois, na sexta-feira (31).
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De acordo com o The Times of Israel, as duas ativistas — uma de 18 anos e outra na casa dos 50 — integravam uma iniciativa da organização Rabinos pelos Direitos Humanos, que promove ações de solidariedade em comunidades palestinas. O grupo atua em apoio aos olivicultores, que enfrentam violência de colonos israelenses desde o início da temporada de colheita, em meados de outubro.
Segundo o jornal, as mulheres estavam em um ônibus com outros nove voluntários quando foram barradas por soldados das Forças de Defesa de Israel (IDF) em um posto de controle. Após serem informados de que a área de destino estava sob ordem de fechamento militar, os ativistas seguiram por uma rota alternativa e acabaram detidos por violar a restrição.
Debate sobre legalidade da decisão
A Autoridade de População e Imigração de Israel cancelou os vistos das mulheres e emitiu uma ordem que as impede de retornar ao país. Embora o documento não especifique o prazo de proibição, o advogado Michal Pomeranz, que representa as americanas, afirmou ao The Times of Israel que o período padrão é de dez anos. Ele também destacou que as ativistas podem recorrer da decisão junto ao Ministério da Justiça.
Pomeranz argumentou que as mulheres não sabiam da ordem militar, que havia sido emitida apenas na manhã do incidente. Segundo o advogado, a restrição abrangeu terras privadas de agricultores palestinos que haviam convidado os voluntários para auxiliar na colheita. Ele ainda questionou a legalidade da medida, lembrando que o Supremo Tribunal de Justiça israelense determina que zonas militares só podem ser criadas por razões de segurança.
A decisão provocou reações no meio político. O deputado Gilad Kariv, do Partido Trabalhista e presidente da Comissão de Assuntos da Diáspora do Knesset, classificou a medida como “ultrajante” e anunciou que pretende convocar uma audiência sobre o caso. “Além da injustiça, isso prejudica diretamente a relação de Israel com a diáspora judaica e mina a legitimidade das visões sionistas liberais”, disse Kariv.
O diretor da organização Rabinos pelos Direitos Humanos, Avi Dabush, criticou a deportação. “Proibir a entrada de judeus em Israel é antissionista e antissemita. Duas mulheres vieram com valores sionistas, para ajudar pessoas vulneráveis, e o resultado é absurdo”, afirmou.
Becca Strober, da organização Solidariedade das Nações-Achvat Amim, também condenou a decisão. “Vivemos a colheita de azeitonas mais violenta da história recente. O Estado decidiu criminalizar a solidariedade enquanto colonos realizam ataques com total impunidade”, declarou.
Em meio à repercussão, as Forças de Defesa de Israel informaram que soldados flagrados em vídeo roubando azeitonas de um olival palestino, em Sinjil, serão punidos. Em comunicado divulgado neste domingo (2), a IDF reconheceu que “a conduta das forças não está de acordo com os valores do exército” e afirmou que os envolvidos responderão a medidas disciplinares.
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