Inundações devastadoras na Ásia já somam mais de 800 mortos

 

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Mais de 818 pessoas morreram nas inundações provocadas pelas chuvas torrenciais na Indonésia, Tailândia, Malásia e Sri Lanka, segundo os últimos dados oficiais divulgados neste domingo. As imagens de localidades inundadas, moradores presos pelas águas e deslizamentos de terra se repetem nos quatro países, após as precipitações que atingem o sul e o sudeste da Ásia há vários dias.

No sudeste asiático, a Indonésia, país mais afetado, registrou pelo menos 442 mortes e 402 pessoas desaparecidas, segundo um balanço da agência de gestão de desastres.

Na Tailândia, onde pelo menos 162 pessoas morreram em uma das piores inundações da década, as autoridades distribuem ajuda a dezenas de milhares de desabrigados e trabalham para reparar os danos. Na Malásia, as inundações no estado de Perlis (norte) deixaram dois mortos.

No sul da Ásia, o Centro de Gestão de Desastres (DMC) do Sri Lanka anunciou neste domingo que pelo menos 212 pessoas faleceram após uma semana de chuvas intensas provocadas pelo ciclone Ditwah, enquanto outras 218 continuam desaparecidas.

Equipes de resgate se esforçavam para chegar às áreas mais atingidas da turística Sumatra. “A água já recuou em nossa casa, mas tudo está coberto de lama”, lamenta Novia, moradora de Pidie, em Aceh. “Algumas coisas da casa estão danificadas ou caíram, mas ainda não conseguimos limpar.”

Firda Yusra conta que teve de fugir de casa com a mulher e o filho, buscando abrigo em uma mesquita próxima junto a outras mil pessoas. “Aqui comemos qualquer coisa que esteja ao alcance.”

Vista aérea mostra casas cercadas por águas da enchente em Kangar, no estado de Perlis, norte da Malásia, em 28 de novembro de 2025

MOHD RASFAN / AFP

Na Tailândia, “o número total de mortos nas sete províncias afetadas chega a 162”, informou neste sábado Siripong Angkasakulkiat, porta-voz do governo. Mais de cem vítimas foram registradas na província de Songkhla, no sul. As águas subiram até três metros nessa região, em uma das piores inundações da década.

Para suprir a falta de espaço em morgues lotadas, caminhões frigoríficos foram mobilizados para armazenar os corpos das vítimas. Na sexta-feira, o primeiro-ministro tailandês, Anutin Charnvirakul, visitou um abrigo no distrito de Hat Yai, um dos mais atingidos, e pediu desculpas por “ter permitido” que a tragédia acontecesse durante seu governo.

“O próximo passo é evitar que a situação piore”, acrescentou o líder, observando que a limpeza do distrito levaria duas semanas.

O governo lançou programas de ajuda para os afetados, incluindo uma indenização de até 62 mil dólares em alguns casos. O descontentamento público cresce na Tailândia diante da gestão da catástrofe. Dois responsáveis locais foram suspensos por supostas irregularidades.

Na vizinha Malásia, duas pessoas morreram devido às inundações no estado de Perlis, no norte, na fronteira com a província tailandesa de Songkhla.

Esta foto, divulgada pela Marinha Real Tailandesa em 26 de novembro de 2025, mostra pessoas olhando de dentro de prédios residenciais cercados por águas da enchente em Hat Yai

DIVULGAÇÃO / MARINHA REAL TAILANDESA / AFP

Sem energia elétrica

Depois do avanço do ciclone Ditwah no sábado para a Índia, zonas inteiras do norte da cidade mais populosa do Sri Lanka, Colombo, continuavam inundadas no domingo.

"Embora o ciclone tenha deixado o país, as fortes chuvas nas áreas elevadas estão inundando agora as áreas baixas ao longo das margens do rio Kelani", declarou uma fonte do DMC.

O presidente Anura Kumara Dissanayake declarou estado de emergência no sábado, o que confere amplos poderes ao governo nacional para administrar a crise. O Exército foi mobilizado para apoiar os trabalhos de emergência.

"Minha casa está completamente inundada, não sei para onde ir, mas espero encontrar um abrigo seguro para levar minha família", declarou à AFP Selvi, 46 anos, que mora nas imediações de Colombo e carregava quatro sacolas com seus pertences.

O Sri Lanka pediu ajuda internacional para mais de 830.000 deslocados, que se somam a 122.000 pessoas recebidas em abrigos temporários.

Segundo as autoridades, quase um terço da população continua sem acesso à energia elétrica ou água corrente.

Esta é a pior catástrofe natural registrada no país desde 2017, quando inundações e deslizamentos de terra mataram mais de 200 pessoas.

As mudanças climáticas afetam os padrões das tempestades, incluindo a duração e a intensidade das chuvas, que são mais abundantes, com enchentes repentinas e rajadas de vento mais fortes.