Intoxicação por metanol: Número de casos suspeitos em São Paulo sobe para 41; 11 foram confirmados

 

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O número de casos investigados por suspeitas de intoxicação por metanol no estado de São Paulo subiu para 41 nesta quinta-feira (2), de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde. Além da capital paulista e de São Bernardo do Campo, na região metropolitana, também estão sendo apurados casos em Santos e São Vicente, no litoral paulista, e em Ribeirão Preto, no interior. Um caso foi confirmado no município de Guarulhos.

Até agora, foram registradas seis mortes suspeitas de intoxicação por metanol. A maior parte das mortes ocorreu em São Bernardo do Campo, que confirma quatro dos seis óbitos na cidade. Em São Bernardo, segundo a prefeitura, todas as pessoas que morreram são homens. Uma das vítimas tinha 38 anos e morreu em 18 de setembro. O outro tinha 58 anos e morreu em 24 de setembro. No dia 28 de setembro, a vítima foi o advogado Marcelo Lombardi, de 45 anos. Já na noite desta terça (30), outro homem morreu em casa, aos 49 anos, por suspeita de intoxicação por metanol. A identidade das outras vítimas não foi divulgada.

Desde segunda, seis estabelecimentos foram interditados cautelarmente pelas Vigilâncias Sanitárias Estadual e dos municípios. Na capital, os bares ficam na Bela Vista, no Itaim Bibi, nos Jardins e na Mooca. Na Grande São Paulo, ainda foram interditados um bar em São Bernardo do Campo e uma distribuidora em Barueri. Além disso, uma distribuidora no estado já teve a inscrição estadual suspensa preventivamente e outras três estão com a situação sob análise para suspensão, e o bar nos Jardins também teve a inscrição suspensa pela Secretaria Estadual da Fazenda logo após interdição do local.

Também foram apreendidas 128 mil garrafas de vodca lacradas em Barueri, na região metropolitana, que aguardam apresentação de documentação, e 802 garrafas apreendidas nesta semana, sendo 660 em distribuidoras e 142 em três bares da capital.

O que é metanol?

O metanol é um produto químico usado em produtos industriais e domésticos, como diluentes, anticongelantes, vernizes e até fluidos de fotocopiadora. Assim como o álcool que consumimos na cerveja, no vinho e nos destilados, o metanol é um líquido incolor com cheiro semelhante ao do álcool encontrado normalmente nessas bebidas, mas muito mais barato de produzir. Isso faz com que ele seja utilizado em bebidas adulteradas.

Dificilmente, será possível perceber a adulteração na hora do consumo, dado que seu gosto e efeito é semelhante ao da bebida não adulterada. No entanto, seus efeitos prejudiciais aparecem apenas horas depois, quando o organismo tenta eliminá-lo. A ingestão de pequenas quantidade pode ser extremamente prejudicial à saúde e alguns "shots" do composto podem ser fatais.

O álcool é metabolizado no fígado. No caso no metanol, este metabolismo cria subprodutos tóxicos chamados formaldeído, formato e ácido fórmico. Eles atacam nervos e órgãos, sendo o cérebro e os olhos os mais vulneráveis, o que pode levar à cegueira, coma e morte.

A toxicidade do metanol está relacionada à dose ingerida e ao organismo. Tal como acontece com o álcool tradicional, quanto menos você pesa, mais você pode ser afetado por uma determinada quantidade.

Normalmente, os efeitos demoram entre 40 minutos e 72 horas para aparecer. Os primeiros sinais são semelhantes ao da intoxicação por álcool e incluem problemas de coordenação, equilíbrio e fala, bem como confusão e vômitos. Ao mesmo tempo, a pressão arterial cai, resultando em uma sensação de tontura e desmaio.

Em fases posteriores – cerca de 18 a 48 horas após a ingestão – o ácido fórmico, que interrompe a produção de energia nas células, faz com que o pH do sangue caia, danificando tecidos e órgãos do corpo. Isso pode causar insuficiência renal, convulsões e até sangramento gastrointestinal.

A intoxicação por metanol tem tratamento?

Devido ao seu rápido efeito no organismo, o início do tratamento deve ser feito assim que houve suspeita da intoxicação por metanol. Em ambiente hospitalar, existem medicamentos que podem ser administrados para tentar limpar o sangue, assim como a aplicação de diálise.

O antídoto para metanol é o álcool (etanol). Isso porque a metabolização do etanol pelo fígado pode ajudar a atrasar o metabolismo do metanol e reduzir seu efeito tóxico no corpo. Mas isso tem que ser feito rapidamente.