Impasse ambiental: 30 belugas correm risco de morte após fechamento de parque no Canadá; governo nega envio à China
Trinta belugas do parque aquático Marineland, em Ontario, vivem uma situação crítica desde o fechamento definitivo do centro, em 2024. Sem público e endividado, o estabelecimento afirma não ter recursos para manter os animais, e seus proprietários chegaram a ameaçar submetê-los à eutanásia caso o governo não autorizasse o envio das baleias a um aquário na China — país que ainda permite o uso de cetáceos em espetáculos.
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De acordo com o jornal espanhol El País, o Ministério de Pesca e Oceanos do Canadá rejeitou o pedido em setembro, argumentando que a transferência significaria “perpetuar o tratamento cruel” ao qual as belugas foram submetidas. A ministra Joanne Thompson convidou o Marineland a apresentar um novo plano de manejo, afirmando que só autorizará a exportação se isso representar “benefício direto aos animais”.
O impasse escancara um vazio legal na proteção dos cetáceos no país. A legislação canadense de 2019 proíbe a captura e o uso desses animais em shows, mas não determina o que fazer com os exemplares já existentes após o fechamento das instalações.
Enquanto isso, duas orcas do mesmo grupo, que vivem no Marineland de Antibes, na França, também aguardam destino. Desde o fechamento do parque europeu, em janeiro, os animais vivem em tanques sem apresentações. A situação é classificada por ONGs como um “limbo de sofrimento silencioso”.
Organizações como a World Animal Protection e a Animal Justice defendem o envio das belugas para um santuário marinho em Port Hilford, na Nova Escócia, onde viveriam em semi-liberdade. Mas o local só poderá receber entre 8 e 10 animais e ainda depende de licenças federais.
O parque, por sua vez, contesta o projeto, alegando que o santuário não oferece segurança ambiental nem estabilidade financeira. Marineland, que chegou a receber 1,5 milhão de visitantes por ano em seus tempos áureos, acumula denúncias de maus-tratos e 20 mortes de cetáceos desde 2019.
Especialistas em bem-estar animal apontam que o caso das belugas expõe o dilema ético de países que proíbem o confinamento de animais, mas não oferecem alternativas reais para os que já vivem em cativeiro.
— A ameaça de eutanásia dessas belugas revela o vazio moral do sistema legal canadense, que ainda considera esses animais propriedade — afirmou Maneesha Deckha, professora de direito da Universidade de Victoria.
