Grupos rebeldes matam 89 civis em uma semana de ataques no leste da República Democrática do Congo, diz ONU

 

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Rebeldes islâmicos deixaram ao menos 89 mortos, entre eles mulheres e crianças em uma maternidade, em uma série de ataques que durou uma semana no leste da República Democrática do Congo, informou a missão da ONU (Monusco) no país nesta sexta-feira. Diversos grupos armados e milícias atuam na região devastada pelo conflito, incluindo as forças antigovernamentais do M23, apoiadas por Ruanda, que tomaram vastas áreas do território em Kivu do Norte e do Sul em janeiro e fevereiro.

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Ao norte da área de operação da M23, as Forças Democráticas Aliadas (FDA), um grupo armado de ex-rebeldes ugandeses que jurou lealdade ao grupo Estado Islâmico (EI), têm realizado massacres repetidos em ambas as províncias.

A missão Monusco afirmou em comunicado que as FDA realizaram ataques "particularmente mortais" entre 13 e 19 de novembro em vários locais ao redor da área de Lubero, em Kivu do Norte.

"Os ataques nos distritos de Bapere e Baswagha resultaram na morte de 89 civis, incluindo pelo menos 20 mulheres e um número ainda indeterminado de crianças. Na localidade de Byambwe, a 60 quilômetros a oeste de Lubero, pelo menos 17 civis, entre eles mulheres que recebiam atendimento na maternidade, foram mortos dentro de um centro de saúde administrado pela Igreja Católica. Durante o ataque, quatro enfermarias que abrigavam pacientes foram incendiadas", disse o comunicado da Monusco.

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A missão da Onu também afirmou que outras cidades "também foram afetadas por graves abusos, incluindo sequestros, saques de suprimentos médicos, incêndios em casas e destruição de propriedades".

A AFP noticiou em 15 de novembro que pelo menos 15 pessoas morreram no ataque, enquanto a Cruz Vermelha local afirmou que 23 perderam a vida.

Desde 2021, o Exército ugandês está destacado no norte de Kivu do Norte e na província vizinha de Ituri para lutar ao lado do Exército congolês. Mas os rebeldes estão evitando confrontos armados e a operação conjunta não conseguiu deter a violência.

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Apoiados por Ruanda, os rebeldes do M23 são o grupo mais proeminente entre mais de 100 milícias armadas que disputam o controle da região leste do Congo, rica em minerais. Com 7 milhões de deslocados internos, a ONU classifica o conflito no leste congolês como "uma das crises humanitárias mais prolongadas, complexas e graves do planeta".

O M23 havia intensificado sua ofensiva no início do ano, ocupando áreas estratégicas da República Democrática do Congo, inclusive as cidades de Goma e Bukavu, capitais provinciais próximas à fronteira com Ruanda. O grupo exige maior representação política e militar no governo central e acusa Kinshasa de descumprir antigos compromissos.

O conflito, que já dura décadas, tem raízes no genocídio de Ruanda em 1994. O M23 é formado majoritariamente por combatentes da etnia tutsi — maior parte dos cerca de 800 mil mortos pela maioria étnica hutu do país há 30 anos. Recentemente, a violência na região matou milhares de pessoas e elevou o risco de uma guerra regional em larga escala, com países vizinhos da RDC mantendo tropas posicionadas na área.