Governo registra déficit de R$ 14,5 bilhões em setembro; gasto com saúde e precatórios puxa alta das despesas

 

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O Governo Central — que reúne o Tesouro Nacional, a Previdência Social e o Banco Central — fechou o mês de setembro com mais despesas do que receitas. O resultado foi um déficit primário de R$ 14,5 bilhões, ou seja, o governo gastou a mais do que arrecadou com impostos e contribuições, sem contar os juros da dívida pública.

Em setembro de 2024, o déficit havia sido menor, de R$ 5,2 bilhões. O número de 2025 ficou acima do esperado: o mercado financeiro, consultado pelo Ministério da Fazenda, previa um rombo de cerca de R$ 6 bilhões.

Segundo o Tesouro Nacional, o motivo principal foi o crescimento das despesas públicas, que subiram 5,7% em termos reais (já descontada a inflação). Enquanto isso, a receita líquida, que é o dinheiro que sobra para o governo depois das transferências obrigatórias para estados e municípios, aumentou em 0,6%.

Em valores nominais, o governo gastou R$ 186,9 bilhões em setembro, enquanto arrecadou R$ 172,4 bilhões.

Os gastos cresceram principalmente nas despesas discricionárias, que são aquelas que o governo pode decidir como aplicar — diferentes das despesas obrigatórias, como aposentadores e salários de servidores.

Nesse grupo, a saúde foi a principal responsável pelo aumento, com R$ 4,1 bilhões a mais que no ano passado. Também houve crescimento nas transferências especiais a estados e municípios, que somaram R$ 3,4 bilhões no mês.

O que mais mudou nas receitas

Do lado das receitas, o destaque positivo foi o aumento da arrecadação previdenciária, que cresceu 11,9%. Isso aconteceu porque o mercado de trabalho está mais aquecido, com mais empregos formais e salários maiores, e também pela volta gradual da cobrança sobre a folha de pagamentos das empresas, que havia sido reduzida temporiamente.

O IOF, imposto cobrado sobre operações financeiras, teve alta de 35%, impulsionado por mudanças nas regras e pelo aumento nas operações de crédito e câmbio.

Por outro lado, houve queda na arrecadação do IPI, o imposto sobre produtos industrializados, que caiu 21,5%. Segundo o Tesouro, isso ocorreu porque a produção industrial diminuiu e porque o valor arrecadado em setembro de 2024 foi atipicamente alto, o que elevou a base de comparação.

Situação no ano

Mesmo com o déficit alto em setembro, o governo teve melhora leve no acumulado do ano. De janeiro a setembro, o resultado foi um déficit de R$ 100,4 bilhões, um pouco menor que o registrado no mesmo período de 2024 (R$ 103,6 bilhões).

As receitas cresceram 3,5% e as despesas, 2,8%, o que mostra que o ritmo dos gastos ficou um pouco mais controlado.

A Previdência Social continua sendo o principal peso nas contas públicas, com déficit de R$ 286 bilhões no ano. Já o Tesouro Nacional e o Banco Central tiveram superávit conjunto de R$ 185,9 bilhões, o que ajuda a reduzir o rombo total.

Nos últimos 12 meses, o déficit acumulado equivale a 0,32% do PIB — ou seja, para cada R$ 100 que o país produz, o governo gasta 32 centavos a mais do que arrecada.

Meta fiscal

O resultado ainda está dentro da meta de 2025, que permite um déficit de até R$ 30,97 bilhões, segundo o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias (RARDP) do quarto bimestre.

O governo prevê fechar o ano com um rombo de R$ 73,5 bilhões, mas parte desse valor não conta para o cálculo da meta, como os pagamentos de precatórios determinados pelo Supremo Tribunal Federal.